"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um pouquinho de Brasil, iáiá!

O que presenciei ontem na UCP foi bizarro, cômico, nojento, divertido, emocionante, empolgante. "Vergonha!" "Vergonha!" "Democracia!" "Democracia!".Por mais que tenha sido uma manifestação de pequeno porte, senti o poder de união da população, desconsertando nobres figuras miúdas.

"Se não houver debate aqui, nós vamos para a praça", disse um candidato. "Aeeeeee...", esbaldou-se o público. Não pude me conter. Aplaudi também. Me senti na ágora grega, onde as relações políticas eram transparentes e estreitas. O público vaiou o juiz eleitoral. Eu estava lá! Foi demais! O público vaiou a organização do evento. Eu estava lá! Foi lindo! O público se impôs. Eu estava lá!
Tudo filmado pela TV local, inclusive o episódio da bomba. Até agora não engoli essa estória. Quando saí do auditório, me deparei com a lanchonete aberta, bem próxima ao banheiro onde estava a suposta bomba, o mesmo banheiro onde minutos antes urinei, lavei as mãos e ajeitei o cabelo (muitas meninas no debate).

Aquelas poucas horas mereciam um filme hollywoodiano, um best-seller, uma crônica, sim uma crônica. Até a execução do hino nacional falhou, mas o público não. Soube se impor, formando um coral improvisado que cantou em alto e bom som. Também cantei. Confessor que errei algumas partes, mas disfarcei e cantei. Os ânimos estavam afloradíssimos e as palmas acompanhavam as emocionantes vozes naquele salão, que destaca uma grande imagem de Jesus Cristo na cruz, acima de todos.

Durante o espetáculo, uma amiga ligou para o meu celular e enviou mensagens de texto. "Que baderna!" "... isso ai está um circo. É por isso que fico indignada com a política". Discordo. De fato havia um grupo e meio, já conhecido, com o intuito de bagunçar, mas ali houve uma política praticamente sem hierarquia. O povo ditou as regras. Riu da bomba.

Por outro lado, quem tentou rir foi um candidato que caminha conforme a corrente. O sorriso dele, porém, saiu de forma amarelada, conforme os cartazes espalhados por aí. Eu lembrava a todo momento que havia câmeras (acho que três) na ágora. Lindo!

Não fiquei até o final. Já estava tarde e havia presenciado o suficiente. Adorei. Amei. Se não fosse o custo das passagens de ônibus, tudo teria saído de graça, mas valeu a pena. E como!

O episódio se estendeu pelo dia seguinte, justamente por não receber destaque dos jornais. O caso merecia manchete, com fonte vermelha tamanho cem e só uma foto na capa. Talvez uma edição especial, com os desdobramentos e reflexos na sociedade. Mesmo assim, foi inesquecível. Os meus netos vão agradecer muito!
Possíveis manchetes para o episódio da UCP:
"Candidato propõe debate na praça. Bruno e Marrone concordam, guarda, não!"
"Objeto não identificado voa no salão da universidade"
"Juiz tenta impor moral. ahahahahahahahaha"
"Candidatos assistem ao debate dos militantes"
"Bomba encontrada no banheiro ameaça debate, mas o faxineiro foi chamado às pressas para puxar a descarga" (o povo, porém, teme a vitória das fezes)

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