"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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domingo, 20 de setembro de 2009

Se não fosse o sorvete, entraria para a História!

Antes de a senhorita ou o senhorito ler a crônica abaixo, advirto que não é aconselhada para menores de 16 anos, pois contém palavras (em vermelho) impróprias à educação da molecada!


Meleca! Acordei com uma sede imensa de escrever algo realmente bom, bom mesmo, inédito, jamais lido na história do planeta Terra nem na de qualquer outro espaço do espaço. Queria revolucionar, causar um intenso impacto positivo no modelo de elaboração de textos, chocar, desconfigurar e reconfigurar.

Tremenda
sacanagem! A inspiração veio, digamos, incompleta. Não me ocorre, pelo menos até o presente momento, uma ideia precisa de como, de fato, colocar a vontade em prática. Como realizar a ousada façanha (aceito sugestões)? Talvez inventar um idioma bem avançado para contribuir com a transmissão da informação inserida em textos; quem sabe falar sobre um tema nunca antes abordado em parte alguma do Universo; começar a crônica pelo meio e terminar com o fim de alguma crônica produzida por outra pessoa, deixando o início em branco, convidando-o (a) a sugerir um começo que se encaixe no restante! Ainda não sei como encontrar solução para esse mistério. Injustiça das grandes!

Se a inspiração viesse completa, eu ficaria ultrafamoso do dia para a noite, seria entrevistado em horário nobre pelo midiático prof. Pasquale, seria citado em importantes livros de autores consagrados, tiraria foto ao lado do presidente, ganharia uma coluna semanal no O Globo e no The New York Times, conheceria todo o Brasil, ganharia livros de presente (mesmo sem impostos, os preços são bem salgados), receberia homenagem da Academia Brasileira de Letras e elogios públicos do Fernando Veríssimo.

Por capricho e vaidade, só me chegou o desejo, grande desejo, de profunda radicalização textual. Só isso e nada mais! Petulância! Desrespeito! Imoralidade das brutas! Como se me dessem de presente uma bicicleta superequipada, mas faltando a corrente, sem a qual permanecemos no mesmíssimo lugar!

Aí, o (a) querido (a) ciberleitor (a) diria: basta comprar a corrente, meu caro desatento! A situação é como se fosse, no caso, um esforço para atingir o bendito resultado inédito. Agradeço, mesmo, o suposto palpite, mas num domingo preguiçoso como esse, de Sol maroto e vento companheiro, a energia foi bem reservada para comprar sorvete de flocos no mercadinho aqui próximo (R$ 1,20 a
casquinha com uma bola), a uns 500 metros.

Ah, e ainda preciso conferir a Mega-Sena acumulada em R$ 24 milhões. Com esse agrado, bancaria o futebol do Flamengo em troca de uma vaga no ataque ou na posição de armador da equipe titular. Manchete do Lance!: Artilheiro Bruno Lara forma dupla de ataque com o Imperador Adriano. Talvez até obtenha um lugar na seleção que disputa a Copa do Mundo ano que vem. Imagina o “Letras e Harmonia – a leitura gostosa da arte feita com prazer” estampado na camisa de cada jogador! Na final da Copa, Robinho marca o gol do título e comemora diante da torcida, fotógrafos e câmeras, que registram o novo patrocínio. Um incentivo à leitura no mundo do esporte, como não!?

Bem, enquanto os malotes de Reais não chegam, vou ao mercadinho do Sr. Jorge comprar o sorvete, e mais tarde conferir o resultado da Mega-Sena (esse estratégico atraso ajuda a manter por um pouco mais de tempo a esperança de ir à África do Sul em 2010 ou de estar no gramado do Maracanã na final do próximo Carioca).

Uma pena a inspiração ter vindo logo num domingo
safado assim! Pode ser que na próxima terça ou quarta-feira, quando o ritmo mais acelerado nos agita, a ansiedade pela inovação textual faça nova visita e contenha um anexo, ou ainda eu possa trabalhar essa questão com mais dedicação. Qualquer coisa, retorno para compartilhar e desfrutar os louros da genialidade oculta!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Méson-pi humano


Méson-pi. A que esse termo lhe remete? Ao nome do goleiro reserva da seleção de futebol do Tadjiquistão? Ao mais recente ditador a assumir o poder na Coreia do Norte? À denominação de algum satélite de Júpiter descoberto há duas semanas e meia por um cientista húngaro aposentado? A uma tribo indígena em extinção no Norte do Brasil? Quem sabe a um personagem criado por Maurício de Sousa para ingressar na Turma da Mônica e agitar as tramas da turminha, ou ainda a um monumento histórico da Renascença? Talvez à mais nova contratação para preencher a lateral-direita do CSKA, time russo de futebol?

Parabéns! As tentativas foram boas, é verdade, mas longe, bem longe do méson-pi a que me refiro. O termo, no caso, é utilizado pela Física para descrever a partícula subatômica responsável por manter coeso o núcleo de um átomo.
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Ah, não! Lá vem o Bruno com papo-cabeça encher a minha preciosa paciência!
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Calma, calma, não é o que você está pensando. Eu posso explicar (qualquer semelhança com eventual desvio de comportamento conjugal é mera coincidência).
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O méson-pi é considerado um dos fenômenos fundamentais da natureza. Cesar Lattes, no fim da década de 1940, comprovou a existência de uma força capaz de manter unido o núcleo do átomo, formado por prótons e nêutrons (sei lá, talvez venha daí o “Currículo Lattes”) . O fato causou um impacto e tanto na comunidade científica.
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Embora o píon, outro nome atribuído ao senhor méson (só para os íntimos), seja da área de Exatas, a Humanas também pode utilizá-lo, “roubando-o” um pouquinho para explicar alguns fenômenos sociais. Os núcleos dos grupos humanos podem ser mais coesos ou tender à dispersão, comprometendo as relações, atividades e funções.
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Por exemplo, na política, um partido precisa de unicidade, pelo menos a cúpula, para orientar toda a estrutura e cumprir o cronograma de ação. De outra maneira, a sigla age incoerentemente, contrariando os filiados e as propostas. O governo necessita de membros que tenham afinidades entre si para implementar medidas importantes para a sociedade, senão desagrada aos interesses coletivos.

Fundamental célula social, a família também requer um méson-pi forte, ainda mais nos presentes dias, em que o trânsito de informações é intenso, complexo e impacta a todos nós, mergulhados numa contemporaneidade cuja definição ainda é bastante discutida. Poderíamos estender essa aplicação às escolas, empresas, enfim, aos mais diversos grupos que compõem a sociedade, mas o espaço é curto e a preguiça é longa para inserir aqui outras organizações sociais.
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Descobrir a existência do píon humano é tarefa relativamente fácil, nada que requeira a intervenção de um novo Cesar Lattes. O desafio é aplicá-lo com eficiência!