"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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domingo, 26 de outubro de 2008

Robinho nas eleições

um conto eleitoral

Robinho gosta mesmo das eleições. Vota com gosto e confiante. Há três eleições ele tenta ser mesário, mas a justiça eleitoral nunca o chamou. Nada que o frustrasse.

Domingo, dia de escolher o vereador e o prefeito, Robinho acordou cedo. Às 6h30 já estava em pé. Tomou um banho quente e demorado. Fez a barba, escovou os dentes, aparou os cabelos do nariz e tomou café da manhã (pão francês recheado com queijo minas, suco de laranja e mamão- adora mamão).

Apesar do tempo nublado, Robinho estava alegre. De terninho azul e gravata bege, lá foi o rapaz de 23 anos pela rua. Vez ou outra encontrava um amigo brincalhão: "Fala, Robinho! Vai à missa?"; "Robinho, cadê a noiva?"; "Ê Robinho, hein! Virou dotô!"

Ele dava a mínima. Nada tirava o bom humor do rapaz. Sorriso na cara e santinhos dos candidatos na mão. Não havia dúvida: 71 para prefeito e 17 171 para vereador. Os dois do mesmo partido. Executivo e Legislativo andando de mãos dadas. "Nada melhor para o desenvolvimento", dizia.

Na fila de votação, apareceu um amigo com uma latinha de cerveja na mão convidando Robinho para "tomar uma gelada". Negativo! "Votar sóbrio. Sempre".

Por conta de uma urna eletrônica com defeito, a fila demorou a andar. Houve quem, chateado, desistisse de exercer aquele modelo de cidadania. Robinho, não! cansou um pouco, é verdade, mas ainda sim continuava confiante. "Afinal, o que seria o Brasil sem uma fila?". Esse é o Robinho.

Há quarenta minutos esperando, ele recebeu um telefonema da irmã Gigi. Era para lembrar sobre a reunião da família, que marcou um almoço na casa da D. Nona, avó de Gigi e Robinho.

Tudo daria certo. Sem dúvida. Ainda era cedo e a vez do Robinho estava chegando, devagar, mas estava.

Embora calmo, a ansiedade dele aumentou quando a presidente da seção anunciou um problema na segunda urna eletrônica.

Olhou o relógio: 10h47. Ainda precisava passar no supermercado para comprar ingredientes do almoço. Os minutos começaram a passar rápido depois que Gigi ligou pela segunda vez. A pressão aumentou.

- Você vai chegar atrasado. Há tanto tempo que a gente não consegue reunir todo mundo... deixa o voto pra lá. Só o seu não faz diferença.

- Não, não! Falta pouco. Já estou saindo daqui.

Robinho olhava mais e mais para os ponteiros do relógio. Quinze minutos mais tarde, chegou a vez dele. Demorou, mas valeria a pena!

- O título, por favor – pediu a mesária.

- O título?- não é possível- Puxa vida, esqueci na mesa da sala.

Sem problemas. O senhor pode votar com a carteira de identidade.

Ufa! Alívio. Robinho pôs as mãos nos bolsos, abriu a carteira e...

- Posso votar sem documento?

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