"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



Contato:
brunolara_@hotmail.com

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A vida em segundo plano

Sobriedade. É dessa forma que posso definir o pensamento do grande grande grande escritor português José Saramago, alguém humano e responsável. Leia a declaração que ele deu ontem sobre a crise financeira que abala as bolsas de valores e amedronta colarinhos brancos:

Onde estava todo esse dinheiro (desbloqueado para salvar os bancos)? Estava muito bem guardado. Logo apareceu, de repente, para salvar o quê? Vidas? Não, os bancos”.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Uma refeição papo-cabeça


Uma amiga me perguntou ontem em quem eu teria votado para prefeito do Rio. Disse que apostaria no Gabeira, o mesmo candidato em quem ela votou. "Mas por quê?", questionou. Respondi que entre o Eduardo Paes e o candidato do PV, ficaria com a segunda opção por ela, a princípio, representar uma política mais alternativa, ousada.

Lembro de quando o Gabeira enfrentou o Severino Cavalcanti, então presidente da Câmara: "V.Exa é um desastre para o país", acusou com o dedo em riste. A resposta, é verdade, não foi mais educada, mas o saldo foi positivo: "recolha-se a sua insignificância". Lembro também de quando o Gabeira fez barraco na entrada do Senado, após os seguranças impedirem alguns deputados de assistir à sessão que julgaria Renan Calheiros.

O Eduardo Paes, ao contrário, segue conforme a corrente. Já transitou por vários partidos políticos (embora hoje em dia haja pouca ideologia e diferenças entre eles, principalmente entre os maiores partidos, é condenável tanta mudança de sigla). Nada que surpreenda, porque esse traço está com o Paes desde pequeno, quando trocou o Fluminense pelo Vasco.

Com ou sem o meu indireto apoio moral, o Gabeira foi vice, assim como o Vasco do Paes, que foi campeão por uma diferença mínima. Pelos motivos registrados acima, não acho que o Rio fez uma boa escolha. De qualquer forma, como não voto lá e sou Flamengo, eles que se entendam!

A amiga agradeceu e continuamos comendo a pizza...portuguesa!

Obs: dividimos a conta.

domingo, 26 de outubro de 2008

Robinho nas eleições

um conto eleitoral

Robinho gosta mesmo das eleições. Vota com gosto e confiante. Há três eleições ele tenta ser mesário, mas a justiça eleitoral nunca o chamou. Nada que o frustrasse.

Domingo, dia de escolher o vereador e o prefeito, Robinho acordou cedo. Às 6h30 já estava em pé. Tomou um banho quente e demorado. Fez a barba, escovou os dentes, aparou os cabelos do nariz e tomou café da manhã (pão francês recheado com queijo minas, suco de laranja e mamão- adora mamão).

Apesar do tempo nublado, Robinho estava alegre. De terninho azul e gravata bege, lá foi o rapaz de 23 anos pela rua. Vez ou outra encontrava um amigo brincalhão: "Fala, Robinho! Vai à missa?"; "Robinho, cadê a noiva?"; "Ê Robinho, hein! Virou dotô!"

Ele dava a mínima. Nada tirava o bom humor do rapaz. Sorriso na cara e santinhos dos candidatos na mão. Não havia dúvida: 71 para prefeito e 17 171 para vereador. Os dois do mesmo partido. Executivo e Legislativo andando de mãos dadas. "Nada melhor para o desenvolvimento", dizia.

Na fila de votação, apareceu um amigo com uma latinha de cerveja na mão convidando Robinho para "tomar uma gelada". Negativo! "Votar sóbrio. Sempre".

Por conta de uma urna eletrônica com defeito, a fila demorou a andar. Houve quem, chateado, desistisse de exercer aquele modelo de cidadania. Robinho, não! cansou um pouco, é verdade, mas ainda sim continuava confiante. "Afinal, o que seria o Brasil sem uma fila?". Esse é o Robinho.

Há quarenta minutos esperando, ele recebeu um telefonema da irmã Gigi. Era para lembrar sobre a reunião da família, que marcou um almoço na casa da D. Nona, avó de Gigi e Robinho.

Tudo daria certo. Sem dúvida. Ainda era cedo e a vez do Robinho estava chegando, devagar, mas estava.

Embora calmo, a ansiedade dele aumentou quando a presidente da seção anunciou um problema na segunda urna eletrônica.

Olhou o relógio: 10h47. Ainda precisava passar no supermercado para comprar ingredientes do almoço. Os minutos começaram a passar rápido depois que Gigi ligou pela segunda vez. A pressão aumentou.

- Você vai chegar atrasado. Há tanto tempo que a gente não consegue reunir todo mundo... deixa o voto pra lá. Só o seu não faz diferença.

- Não, não! Falta pouco. Já estou saindo daqui.

Robinho olhava mais e mais para os ponteiros do relógio. Quinze minutos mais tarde, chegou a vez dele. Demorou, mas valeria a pena!

- O título, por favor – pediu a mesária.

- O título?- não é possível- Puxa vida, esqueci na mesa da sala.

Sem problemas. O senhor pode votar com a carteira de identidade.

Ufa! Alívio. Robinho pôs as mãos nos bolsos, abriu a carteira e...

- Posso votar sem documento?

Quem acha quem o quê?

Frase da Luciana Gimenez publicada no O Globo de hoje:

"Quero entrevistar o Lula. Acho ele inteligente".

É, né!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Dica de blogs

Fonte da imagem: http://petragaleria.wordpress.com/

Surfando pela rede peguei uma onda interessante. Descobri dois blogs úteis para quem mora sozinho ou planeja num futuro próximo viver assim. O primeiro deles é o Morando Sozinho, endereço do guitarrista Vinicius Oliveira, que hoje mora nos Estados Unidos, em Miami. O segundo é o Blog Miojo, da jornalista Rosane Queiroz, editora de comportamento da revista Marie Claire e autora do livro “Só - Dores e Delícias de Morar Sozinha”. Em ambos os endereços, estão dicas como custos de vida, comidas práticas e formas de se divertir. Vale a pena conferir!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008


Extraí a imagem do Blog do Ancelmo Gois.

Então tá, né?!


A capa do jornal O Globo de ontem publicou quatro frases do presidente Lula, mostrando como o governo tem alterado o discurso em relação à crise financeira.

Dia 16 de setembro:
"Que crise? Pergunta para o Bush".

Dia 22 de setembro:
"Até agora, graças a Deus, a crise não atravessou o Atlântico".

Dia 4 de outubro:
"Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar".

Dia 21 de outubro:
"Não posso assumir o compromisso de que, se houver uma crise econômica que abale o Brasil, a gente vá manter todo o dinheiro dos ministérios".

A falta de firmeza também ocorreu em janeiro, quando um mês após afirmar que não aumentaria impostos para compensar o fim da CPMF, o governo Lula anunciou a elevação do IOF e da CSLL. Eles ajudaram a garantir o recorde de arrecadação do governo federal. Só este ano, até agora, já são quase R$ 830 bilhões, segundo o Impostômetro.

Um assunto que deixou de ser destaque na imprensa, mas que ainda circula em notas e pequenas matérias na imprensa é a possibilidade de um terceiro mandato do presidente Lula. Ele já concedeu algumas entrevistas garantindo que não articula a permanência no Palácio do Planalto...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Fazer nada é tudo

Por acaso você já sentiu culpa por não fazer alguma coisa, por ficar parado olhando o céu, o teto do quarto, ou ainda o movimento dos carros na rua? Aposto que este é o caso de muita gente que lê este post, inclusive o do escritor amador que vos escreve.

Hoje em dia (a princípio não vivi em outra época) exercer atividades é sagrado. "Trabalhe muito". "Pratique esporte". "Vá à academia". "Estude". Com tantos imperativos, nos sentimos pequenos em "desperdiçar" tempo coçando o s ... nariz.

É por discordar dessa imposição produtiva que foi criado o Clube de Nadismo. A idéia central é proporcionar qualidade de vida a partir de um freio acionado por nós mesmos. O símbolo do nadismo é um cubo branco dentro do qual a pessoa descansa da vida pós-moderna, corrida, movimentada, agitada, conturbada, desgastante.

No cubo podemos ficar parados, sentados ou deitados, sem o sentimento repreensível. Os encontros acontecem num ambiente propício, num parque cercado de verdes, com o mínimo de poluição (a urbanização tem feito com que a poluição atingisse inclusive regiões arborizadas), para impedir a penetração da angústia produzida principalmente nas grandes cidades.

A cerimônia é apenas um incentivo, porque cada um de nós pode praticar o nadismo sem encontros oficiais. Falte à aula, falte ao trabalho, desmarque os compromissos, use roupas leves e relaxantes, sem achar que a Nike constrói a sua identidade. Faça nada. Coloque um poster do Martinho da Vila na parede e medite: é devagar, é devagar, devagarinho.

O velhido da moda


Você já leu o livro O Capital, de Karl Marx? Muito grande e antigo? Bem, grande pode até ser, antigo também, mas a obra escrita em 1867 está mais na moda do que nós pensamos.

A venda do livro vem crescendo muito após o estouro da crise financeira mundial, que desorganiza bolsas de valores mundo afora e preocupa governos. Claro, não esperamos que O Capital seja best-seller no Brasil (talvez nem seja a proposta), onde a educação ainda precisa ocupar um campo bem maior, mas o fato é que estão lendo e discutindo mais os escritos de Marx para tentar compreender o que está acontecendo e para onde vamos. Esse aumento do volume nas vendas começa na Alemanha, país de filosofia robusta.

Há quem compare o momento de desgaste do setor bancário à queda do Muro de Berlim em 1989. Vinte anos após celebrar a vitória sobre o socialismo, o capitalismo sofre um golpe que pode significar o fim do modelo (do modelo, não da civilização).

O clima é instável e transmite medo. Afinal, a incerteza nunca foi bem vista pela humanidade. A fase, porém, pode remeter a uma nova sociedade, com hábitos diferentes, talvez até com afinidades mais próximas dos anseios humanos (leia a crônica O Iluminismo II).

A edição do último domingo do jornal O Globo publicou uma entrevista com Ignacy Sachs, economista fraco-polonês apontado como o criador da expressão "crescimento sustentável" (muita gente emprega o termo sem mesmo compreender o significado: crescimento econômico aliado ao respeito ao meio ambiente e à justiça social).

Sachs acusa o neoliberalismo de há 30 anos impor arrogância à sociedade. Segundo ele, os princípios da liberdade econômica pôs abaixo a idéia de "pleno emprego, Estado atuante e planejamento". "Estamos condenados a inventar", acrescentou.

Há poucos dias o presidente francês Nicolas Sarkozy se mostrou interessado em reunir líderes para discutir a refundação do capitalismo, o que já está sendo compreendido pelo país carro-chefe deste modelo de produção. Os Estados Unidos já perceberam que não podem mais manter o vigor sem ajuda, sem cooperativismo e parceria com outras nações.

Na mesma página em que saiu a entrevista com Sachs, O Globo publicou uma entrevista com Parag Khanna, assessor de Barack Obama, candidato à presidência dos Estados Unidos. Nela, Khanna reconhece que a política unilateral acabou e que a saída dos EUA é o diálogo com regiões diversas, incluindo a América Latina, a Europa e até países como o Irã.

O Brasil tem muito a oferecer. Durante um debate contra Obama, McCain disse que a tendência é o país dele aproveitar cada vez mais o biocombustível brasileiro, mais barato do que o estadunidense. O valor das nossas terras, as águas, o potencial de crescimento vai ficar na mira do mundo. Assim, debates afloram, como a soberania sobre a Amazônia e as condições de trabalho de quem serve à indústria da cana-de-açúcar.

É imprescindível que a sociedade civil faça parte deste debate e evite que apenas os governos tomem atitudes. Hoje em dia, a nossa renúncia em participar da política privatiza esta atividade, que regula a vida, as relações humanas, as instituições. O erro não pode se repetir com os temas que vem chegando. Precisamos nos posicionarmos e discutirmos o ambiente em que queremos viver.

A leitura de O Capital não é exigência primeira para compreender o mundo e saber o momento de interferir nele. Um sinal de que chegou a hora da interferência é quando respondemos "sim" à seguinte pergunta: tenho mais parceiros profissionais do que AMIGOS- com letras maiúsculas?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sabe o programa Casos de Família, apresentado por Regina Volpato no SBT? Nem eu. Quero dizer, conhecia de nome, mas nunca havia assistido. Ontem, acompanhei a uma parte do programa.

Entre os entrevistados estava um rapaz que reclamava dos problemas alcoólicos enfrentados pelo irmão (ou seria cunhado?). Logo no início da conversa, a apresentadora perguntou:

- Que tipo de problemas são esses?

O rapaz respondeu:

- Ele bebe.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


Publicado dia 16 de outubro no Jornal Agora- O Jornal do Sul.

E-mail de bêbado não tem dono

Texto do Bruno Medina, integrante da banda Los Hermanos e editor do blog Instante Posterior.

Esta, imagino, muita gente vai achar que é invenção. Eu mesmo, quando li a notícia, precisei me certificar de que não se tratava de mais uma daquelas pegadinhas que volta e meia surgem com o intuito de confundir jornalistas da seção de informática. De fato parece difícil compreender a motivação que levou os programadores do Google a desenvolverem uma ferramenta de aplicação e eficiência tão questionáveis, um recurso que visa proteger seus usuários…de si mesmos!

Sexta-feira, 4:20 da manhã. Você acaba de chegar em casa da balada e, antes de deitar, resolve dar uma conferida nas notícias do dia que está prestes a começar. De repente bate uma inexplicável vontade de se expressar, de dividir com o mundo os sentimentos sufocados pela razão, aquelas verdades que não costumam ter qualquer chance de serem ditas quando você está sóbrio.

Tá bom, você bebeu um pouco, e daí? Nem por isso o que tem a dizer deve ser desconsiderado, pelo contrário, escrever para alguém, dadas as condições, só endossa a urgência de tais palavras. Afinal existe momento mais apropriado para enviar um e-mail para a ex-namorada? Não, por isso é hora de aproveitar o ensejo e mandar bala.

Em linhas gerais você declara que nunca a esqueceu. Que vive perambulando pela noite, passando o rodo, que inclusive já até pegou uma amiga dela, no entanto, nada diminui a saudade que sente. Admite que quando namoravam não soube dá-la o devido valor, que nunca conseguiu ser fiel, mas que agora, pelo menos, percebe a besteira que fez. Para não perder a viagem e fechar com chave de ouro, chama o atual namorado dela de “babaca” e ainda diz ter certeza de que ele também não a merece, porque sempre o vê pelos bares muito bem acompanhado. Pronto. Posto isto vai dormir leve como uma pluma.

Por volta de uma da tarde acorda com a boca seca, dor de cabeça e uma vaga lembrança de ter passado pelo computador no caminho para a cama. Abre o programa de e-mail, checa a pasta de itens enviados e já se arrepia só de ler o nome do último destinatário. Tarde demais. Caso a situação lhe pareça de algum modo familiar, se já mandou ou recebeu um e-mail destes, foi para ajudar pessoas como você que se criou o “mail goggles”.

A principal função deste aplicativo é fazer com que seus usuários pensem um pouco antes de enviarem mensagens durante o período da madrugada. Quando habilitado, o botão “send” da caixa de saída fica indisponível até que se resolvam -em curto prazo de tempo- cinco problemas matemáticos simples (o grau de complexidade das operações pode ser alterado).

A aposta dos engenheiros do Google é que, ao dificultar o envio de e-mails, evitem o arrependimento comum entre aqueles que se encontram bêbados demais para discernir sobre o teor do que escreveram. Caso o remetente não consiga multiplicar cinco por sete é bem provável que pela manhã agradeça ao Google. Perguntado sobre a inspiração que resultou na esdrúxula engenhoca o responsável alegou estar apenas atendendo ao pedido de alguns conhecidos e garantindo que ele próprio pare de mandar e-mail embaraçosos.

O invento é uma espécie de lei-seca virtual, um mecanismo de auto-censura que impede desastres emocionais. Seu nome remete a uma gíria em inglês que descreve aquele curioso efeito responsável por tornar as pessoas mais bonitas depois que tomamos alguns copos. Se funciona ou não, é testar pra crer. Só espero, pelo bem da humanidade, que não inventem algo semelhante para ser usado nos bares.

Complemento:
Confira também uma matéria da seção Digital, do Globo Online. Clique aqui.


Politicômetro

Já parou para pensar sobre a sua posição política? Se é de esquerda, de direita, neoliberal, antiliberal, esquerda neoliberal (o quê?)... Bem, mesmo que você não se interesse muito pela atividade, muito provavelmente você tem um direcionamento. Talvez seja um conservador, um radical, ou ainda ocupe o meio termo.

Para esclarecer a questão ao internauta, a Revista Veja criou o Politicômetro, um teste de 20 perguntas que nos permite saber um pouco mais sobre as nossas convicções políticas. Para participar, clique aqui.

Obs: o fato da ilustração estar à esquerda do post é apenas uma coincidência.
Comentários que rolaram na Internet após o Lula, ironicamente, dizer que criaria o Dia da Hipocrisia:

"Não pode! É legislar em causa própria".

domingo, 19 de outubro de 2008

Russos inventam gasolina reciclada

Deu no jornal "Pravda", de Moscou: cientistas russos da universidade Medelevev desenvolveram uma técnica de reciclagem que permite a produção de 1 litro de gasolina a partir de 1 quilo de sachês de plástico reciclado. O plástico e a gasolina são derivados de petróleo. Entre todos os outros esforços feitos no mundo inteiro que tentam reciclar subprodutos de petróleo, este é o primeiro que gera gasolina pura, segundo a reportagem.

A tecnologia não é muito complicada: deve-se moer e derreter os rejeitos plásticos e adicionar, em seguida, o catalisador em pó. A mistura precisa ser exposta à destruição termal , o que acontece em uma espécie de panela de pressão com temperatura e pressão definidas. A notícia foi publicada no http://www.envolverde.org.br/.

Quem sabe, né?

Texto extraído do blog Razão Social.

Eduardo é global

A seção eleitoral onde voto não fica na cidade do Rio de Janeiro, mas me interesso pela política de lá. Primeiro por ser a capital do meu estado, depois pela atividade política. Fernando Gabeira e Eduardo Paes, amigos que disputam o segundo turno, são figuras eminentes do cenário nacional e podem ocupar o cargo de governador ou, sim, de presidente da República.

Não sou obrigado a escolher um ou outro candidato, mas tendo a analisar as duas candidaturas. Eventualmente posso vir a ter simpatia pelas propostas de alguém- o que não é necessariamente o caso.

Por que voto em
O Globo trouxe neste domingo na seção "por que voto em" duas pessoas que revelam a preferência eleitoral e explicam o motivo.

O primeiro, empresário, aprova o candidato do PV por este destacar o passado limpo e ser culto, além de estar alicerçado em tendências progressistas. Ok!

Já o segundo, jornalista, professor e escritor, diz que aposta no peemedebista, entre outras coisas, "por questão de fidelidade partidária".

Só para lembrar, partido para Eduardo Paes é como mulher para um galã jovem da novela global Malhação (é novela, né?). Ele já foi do PFL, do PTB, do PSDB, do PV e por enquanto é do PMDB (caso tenha esquecido algum, registre por favor).

Em 2005 Paes era um dos parlamentares mais empenhados em culpar o governo Lula pelo escândalo do mensalão. Chegou a insultar algumas vezes o presidente. Hoje ambos aparecem nos jornais de mãos dadas, como um lindo casal da Malhação.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Viagem a ser confirmada

Essa crise financeira mundial é mesmo estranha, curiosa. As perdas de quase US$ 30 trilhões retrocederam a economia em 4 anos (nada muito assustador, porque a civilização possuía- e possui- recursos financeiros suficientes para garantir qualidade de vida às pessoas. Falta organização e distribuição correta). Nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, seguradoras e bancos quebram como cristais jogados contra a cara do Maluf.

Países com economias até então sólidas, como a Inglaterra, a Alemanha, a Rússia e o próprio Tio Sam intervêm no mercado para impedir um crack capaz de criar um apagão na Terra. A Islândia, Tigre Ártico que lidera o ranking de IDH, já estatizou os três maiores bancos do país (cujo patrimônio supera em noves vezes o PIB de lá), medida adotada por outros Estados também.

Mas, curiosa por quê? Porque apesar das baixas na Bovespa, a população %#@* e anda para os investimentos em ações. A manchete de hoje do Jornal do Brasil referia-se à possibilidade do país se beneficiar com o enfraquecimento econômico mundial. Com menos recursos, os países ricos teriam menos força para subsidiar setores como a agricultura, o que contribuiria para a expansão do mercado externo brasileiro.

Ainda hoje, o jornal Extra anunciou a expectativa das compras de Natal. Já há empresas contratando centenas de funcionários para suprir a demanda do fim de ano.

O grande problema é se a depressão islandesa atravessar o Mar da Noruega e atingir a Finlândia. Papai Noel terá que adiar a viagem... Pelo menos, talvez pela primeira vez, passaria a data ao lado da família!
Por conta de problemas que tive com o Blogspot, fiz alterações no blog, inclusive em relação ao modelo da página. Precisei recolocar os textos (ainda bem que o blog é recente), mas algumas postagem ficaram de fora. Reponho aos poucos. Vamos dar sequência...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Seis ministros do STF já se manifestaram contra diploma de jornalista

Regulamentação sob ameaça

O site Congresso em Foco revela em matéria intitulada STF pode derrubar diploma para jornalista que "dos 11 ministros que vão julgar o recurso, seis já se manifestaram contra obrigatoriedade de formação específica para a profissão". O site alerta que o Supremo Tribunal Federal (STF) caminha para derrubar, ainda neste semestre, a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.

A matéria apesar de concluir que seis votos são suficientes para decidir o julgamento do recurso extraordinário do Ministério Público Federal, reconhece que, até o julgamento, os ministros ainda podem rever sua posição. Segundo o Congresso em Foco, embora não possam antecipar seus votos, alguns ministros já sinalizaram, nos bastidores ou em decisões anteriores, como pretendem votar. Um deles é o próprio presidente do Supremo, Gilmar Mendes, relator do caso.

A matéria fundamenta a conclusão em fato ocorrido em 2006, quando Mendes relatou, na 2ª Turma do STF, uma medida cautelar que garantiu o exercício profissional a pessoas que trabalhavam na área sem ter o registro no Ministério do Trabalho. Na época, Gilmar teve sua posição referendada por Cezar Peluso, Celso de Mello e Joaquim Barbosa.Fonte:

Fonte: http://www.ojornalista.com.br/

Oportunidades

Estágio: Empresa localizada na Ilha do Governador, no Rio, seleciona estudantes de Jornalismo que estejam cursando o 8º período, no turno da noite, para estágio em assessoria de imprensa. Currículos para Alessandra Barreto, pelo e-mail alessandra@midiaatual.com.br.

Empregos:
RJ:
A SB Comunicação contrata jornalista recém-formado que tenha experiência mínima de um ano em assessoria de imprensa. O salário é de R$ 1 mil, mais vale-transporte e vale-alimentação. Currículos para sbcomunicacao@gmail.com.o

RJ: A Arteccom seleciona jornalistas para atuar em nova revista impressa, na área de tecnologia da informação. É necessário morar no Rio de Janeiro e ter conhecimentos básicos de tecnologia e bom texto. Currículos para arteccom@arteccom.com.br.

RJ: Empresa contrata designer com experiência em InDesign, Corel Draw, Photoshop, Dreamweaver, Flash e HTML. Currículos para arteccom@arteccom.com.br.

RJ: A Sallum Assessoria de Imprensa procura de um(a) produtor(a) de moda com experiência em assessoria de imprensa e Photoshop. Enviar currículo, no corpo do e-mail, para sallum@psallum.com.br.

RJ: A editora Arteccom seleciona jornalista com experiência de dois anos para trabalhar na revista Webdesign. É necessário ter conhecimentos em tecnologia da informação. Enviar currículo para arteccom@arteccom.com.br, a/c Cristiane Dalmati.

As informações foram tiradas do Blog Analógico, editado pelo estudante de Comunicação Social Fernando Amaral.

Pagamento antecipado

Ora, ora! Vejam só quem solicita socorro imediato ao Estado: o setor financeiro, liberal. Já são bilhões de dólares injetados no mercado para impedir a quebra dos bancos. A imprensa reserva amplo espaço à questão e os governos mobilizam-se contra a crise que abala a menor parte da pirâmide social. Colarinhos brancos amarelam de medo.

Como seria a vida de um banqueiro falido? Será que aguentaria uma vida simples? Imagina: Faustão aos domingos, axilas com odores não muito agradáveis no ônibus, pedido de desconto na compra de sapatos, substituição da compra de alimentos mais caros por outros mais em conta, viagens a cada três anos (quando houver), pijamas com estampas de candidatos a vereador, pão francês, caneta Bic, celular de cartão...

Seria curioso encontrar pessoas como, por exemplo, o Dantas nos ônibus lotados às 17h30. Eu seria cortês:

- Quer que eu segure a sua pasta preta sem dinheiro, sr. Dantas?
- Não, obrigado! Vou descer no próximo.

Um verdadeiro apocalipse para pessoas acostumadas a comer com talheres cujo ouro já foi medalha de um recordista das Olimpíadas. É por isso que oceanos de dinheiro precisam ser transferidos para o mercado.

O bancus, deus do dinheiro, passa por um momento difícil. Ou é a queda definitiva do capitalismo, ou é mais um estágio de consolidação do sistema, que, vitorioso, vai interferir ainda mais nas vidas das pessoas.

Com a ajuda de cabeças estratégicas, que administram o nosso dinheiro, o bancus espera superar mais esta. Se assim for, conquistará fiéis dispostos a contribuir com dízimos ainda mais altos.
O capitalismo mais selvagem, se vencer, promete levar-nos a um contexto quase extremo.

Hábitos serão ainda mais modificados e relacionados ao comércio. Talvez a atividade econômica interfira até nas conversas informais.

- Oi, amor! Estou um pouco chateado. Vamos conversar?
- Claro, bem! Pode pagar antecipado?

Doença da Curiosidade

Autor: Luis Fernando Veríssimo

Santo Agostinho escreveu que entre as tentações, uma das mais perigosas era a "doença da curiosidade", que nos levava a tentar descobrir os segredos da natureza, "aqueles segredos que estão além da nossa compreensão, que em nada nos beneficiarão e que o Homem não deve tentar saber". Foi, em outras palavras, o mesmo conselho que Deus deu a Adão e Eva no Paraíso, advertindo-os a não comer o fruto da árvore do saber para não contrair a doença. Eva – sempre elas – não se agüentou e comeu o fruto proibido. Resultado: o Homem perdeu o paraíso da ignorância satisfeita e está, desde então, tentando descobrir que diabo de lugar é este em que o meteram, esta bola girando entre outras bolas num espaço imensurável, sem manual de instrução. Santo Agostinho e outros tentaram nos convencer a aceitar os limites da fé como os limites do conhecimento. Tentar compreender mais longe só nos traria perplexidade e angústia e nenhum benefício. Mas a doença já estava adiantada demais.

A fase mais aguda da doença da curiosidade chegou com a inauguração, esta semana, num subterrâneo na fronteira da Suíça com a França, do tal acelerador gigante que jogará prótons contra prótons em condições inéditas para tentar reproduzir a origem de tudo, liberar uma subpartícula atômica que até agora só existe em teoria e chegar mais perto de descobrir como funciona o Universo. Quer dizer, os descendentes de Adão e Eva pretendem levar a rebeldia do casal ao máximo e espiar por baixo do camisolão de Deus. Segundo alguns, o que o novo acelerador também pode trazer é um castigo terminal pela desobediência humana: o desaparecimento num buraco negro não só dos cientistas envolvidos e de alguns suíços e franceses na superfície, mas do mundo todo. Com você e eu, que não temos nada a ver com a história, atrás.

O cataclismo é improvável, mas mesmo que a insubmissão do Homem não seja punida, resta a outra questão posta por Santo Agostinho, a do benefício. Que proveito, salvo para a vaidade científica, trará descobrir o que pretendem? Quanto mais se sabe sobre o funcionamento do Universo mais aumentam a perplexidade e a angústia por não se saber mais, por jamais se poder compreender tudo – pelo menos não com este cérebro que mal compreende a si mesmo.

Mas a toxina daquela fruta era forte e ainda age no organismo. E a doença é incurável.

Caneta também é gente

Poucas vezes utilizo uma mesma caneta mais do que duas ou três vezes. Sempre as substituo por outra, ainda que a tinta da última não tenha terminado. Acredito que eu não seja o único a abusar assim delas, cujo afeto com cada dono costuma ser mínimo, quando há.

Em geral somos frios e indiferentes com um objeto tão útil e presente sempre em momentos importantes da vida: reuniões empresariais, salas de aula, boates (é fato que os celulares, hoje em dia, registram os contatos da parceira- ou do parceiro- mas a caneta já fez muito pela manutenção dos nossos relacionamentos- amorosos ou não), etc.

Há um pequeno grupo de pessoas que pagam altos valores por uma caneta, com a qual permanecem um longo período da vida. São canetas de ouro, brilhantes e chamativas. Não encaixam-se no meu caso, nem no meu bolso. Sou um cafajeste.

Poucas vezes gastei um centavo com as canetas que utilizo. Quando não as ganho, peço emprestado e não as devolvo, o que prova um descaso por parte do dono original, que não cobra o objeto de volta. Bom para mim.

Em média, saio com uma caneta a cada três dias. Sou um garanhão de canetas. Pego mesmo. Não me importo. Me divirto. Se as canetas fossem mulheres, eu seria uma celebridade, daria curso de sedução. Matérias? Sei lá, talvez Conquista de Loiras em Shoppings, Técnicas de Beijar Morenas em Terminais Rodoviários II, Lábias Específicas Para Ruivas e Negras Na Palma da Mão III.

Infelizmente, este não e o caso. Na verdade, sou um insensível, incapaz de permanecer uma semana com a mesma caneta. E olha que elas presenciam altas situações. Se canetas ouvissem e falassem, eu discutiria o conteúdo de matérias com elas, pediria conselhos e debateria o futuro da espécie humana. Tudo "ia" , porque elas não falam nem ouvem.

Pode ser que este seja o motivo da forma como as trato. Além disso, embora sejam úteis, há abundância delas no mundo e a conquista não impõe obstáculos.

Mesmo assim a caneta é mais do que um mero objeto qualquer. A caneta é o elo entre a intenção do cérebro e a concretização da mensagem escrita. Seria, portanto, como lembra o canadense Marshall McLuhan, extensão do homem. A caneta ajuda a potencionalizar as nossas capacidades.

Depois de refletir, sinto a necessidade de ser mais compreensível com as canetas (ou com apenas uma delas). Espero uma atitude semelhante do leitor. Aquela faz parte da nossa vida, é uma companheira, algo que poderíamos chamar de alguém.

Quase uma crônica

Ás vezes dá vontade de escrever, mas sem assunto definido. Expressar apenas por expressar. Isso atrapalha um pouco (ou talvez ajude muito). É o caso agora. Costumo discutir bastante sobre temas como o Brasil, a política, a sociedade, etc. No momento, porém, penso em elaborar uma crônica cujo assunto seja diferente, distante do meu conhecimento e do conhecimento do público. Seria um texto puramente opinativo, carente de análise científica, dados oficiais, declarações de autoridades e coisas do tipo. Só achismo.

Em uma de minhas crônicas não discorri por pouco a respeito dos mitos dos nativos de Madagascar. Sabia e sei praticamente nada dos moradores de lá. As únicas informações de que disponho são que os madascarenses (??!!) moram em Madagascar, aquela ilha próxima à África do Sul, e que os nativos têm mitos (redundância?). Nada que me garanta autonomia para debater sobre. Ótimo, pois a idéia é essa. Mas os madascarenses (??!!) ainda não me inspiram muito. Quem sabe numa próxima oportunidade?

Um Domingo desses (mais precisamente dia 7 de setembro), li a coluna do Veríssimo no O Globo, com o objetivo de extrair algo que me inspirasse a produzir uma crônica com tema excêntrico. Ele, porém, abordou os grampos telefônicos que a Abin teria aplicado no ministro Gilmar Mendes. Muito comum, mas melhor do que falar sobre a independência do Brasil.

O fato é que dias depois não havia iniciado o texto e a pressão para atualizar o blog vinha aumentando. Poderia escrever qualquer porc#%*aria a respeito da seleção brasileira de futebol, da Mulher Melancia, das eleições municipais ou do próprio grampo e preencher esta lacuna. Só que ainda sim precisaria produzir algo cujo assunto fugisse do meu conhecimento. De fato não é tão difícil. A maior parte de tudo foge do meu conhecimento e do conhecimento de qualquer humano, embora não possa se esconder.

Por isso iniciei esta crônica. Sabia que ao longo dela chegaria ao meu objetivo. Afinal, o texto foi (está) transcorrendo de forma natural. Muitas vezes produzo textos sem mesmo saber o que virá no parágrafo seguinte. O importante é a idéia, é escrever, mas sem encher lingüiça, como dizem por aí (e como enchem por ai).

Esta máxima serve para qualquer texto, não apenas para o literário. Serve para o texto jornalístico, o texto de uma carta, de um e-mail... O leitor não pode sentir que perde tempo. E é em respeito a você que interrompo aqui esta pré-crônica, pois ainda não tenho um tema ao redor do qual discursar, mas aceito sugestões.

Obs: Vejam só, quem nasceu em Madagascar é Malgaxe, fala malgaxe e francês.

Iluminismo II

Se eu fosse classificar o atual período da humanidade de acordo com a marcação de um dia de verão, estaríamos às 17h. Período em que as "forças produtivas" estão mais desgastadas, em que pensamos em tomar um banho gelado, encontrar a namorada, praticar esporte, usar chinelo, ser vagabundo e informal. O ser humano é, antes de tudo, informal e gosta de ser assim. O formalismo acontece contrário às nossas vontades mais primárias.

Durante a Idade Média, dormimos muito e profundamente. Sonhamos bastante. De manhã, concentramos o vigor de um corpo e mente dispostos a agir, produzir, aprender. À tarde, após o Iluminismo, nos lançamos a um processo insano de racionalização, individualismo, concorrência, que, ao extremo, não fazem bem, ao contrário.

Tudo isso faz bem, sim, à economia. Muito bem, por sinal! Essa área é regida por regras próprias, impiedosas e pouco (ou nada) preocupa-se com o bem-estar humano. Sobram autores que abordam o tema, como Debord e Bauman (dois dos maiores).

A própria publicidade, símbolo espetacular, ferramenta de exclusão/inclusão e exemplo da soberania econômica sobre a pessoa, tem denunciado a recusa humana em enclausurar-se na caixinha do individualismo e revela a nossa aceitação em nos abrimos para o convívio harmônico com os outros.

Freqüentemente, as campanhas de cerveja destacam o fim do expediente de trabalho, quando os amigos se reúnem para rir, brincar e... beber cerveja, claro! É o momento de exaltação! Nada mais feliz! O "happy hour" acontece por volta das 18h.

A proximidade do lusco-fusco (tem dicionário aí?) proporciona um novo Iluminismo, o Iluminismo II. Não baseado na ganância, na trapaça, no egoísmo, na deslealdade e autodestruição. A nova fase do conhecimento gira em torno da cooperação, da parceria, da tolerância, do diálogo e do respeito.

No entanto, ainda são 17h. É o princípio do despertar. Estamos muito ligados às tarefas não criativas, aos afazeres inúteis. Dentro de alguns minutos chutaremos o balde. Falta pouco.
O surgimento e, principalmente, a expansão das ferramentas virtuais de comunicação colaborativa, horizontal e mais próxima à democracia, não me deixam mentir. O Orkut, os blogs, o MySpace e os fóruns de discussão, entre outros, demonstram, na rede, o que queremos fora dela: informalidade, transparência e tudo mais registrado acima.

Descontração, porém, não remete necessariamente à desorganização. Pode ser, ao contrário, sinônimo de relacionamento confiável e sincero, de valorização humana.

17h é o momento da desaceleração de um esforço sem planejamento direcionado para um horizonte qualquer. Já é a hora de darmos conta disso e pensarmos em um novo direcionamento.

Até lá!

Aula de filosofia

Professora: Quem é o autor grego da frase: "Só sei que nada sei"?

Joãozinho: Puta que pariu, professora! Vai me dizer agora que o Lula é grego!!!?

Um pouquinho de Brasil, iáiá!

O que presenciei ontem na UCP foi bizarro, cômico, nojento, divertido, emocionante, empolgante. "Vergonha!" "Vergonha!" "Democracia!" "Democracia!".Por mais que tenha sido uma manifestação de pequeno porte, senti o poder de união da população, desconsertando nobres figuras miúdas.

"Se não houver debate aqui, nós vamos para a praça", disse um candidato. "Aeeeeee...", esbaldou-se o público. Não pude me conter. Aplaudi também. Me senti na ágora grega, onde as relações políticas eram transparentes e estreitas. O público vaiou o juiz eleitoral. Eu estava lá! Foi demais! O público vaiou a organização do evento. Eu estava lá! Foi lindo! O público se impôs. Eu estava lá!
Tudo filmado pela TV local, inclusive o episódio da bomba. Até agora não engoli essa estória. Quando saí do auditório, me deparei com a lanchonete aberta, bem próxima ao banheiro onde estava a suposta bomba, o mesmo banheiro onde minutos antes urinei, lavei as mãos e ajeitei o cabelo (muitas meninas no debate).

Aquelas poucas horas mereciam um filme hollywoodiano, um best-seller, uma crônica, sim uma crônica. Até a execução do hino nacional falhou, mas o público não. Soube se impor, formando um coral improvisado que cantou em alto e bom som. Também cantei. Confessor que errei algumas partes, mas disfarcei e cantei. Os ânimos estavam afloradíssimos e as palmas acompanhavam as emocionantes vozes naquele salão, que destaca uma grande imagem de Jesus Cristo na cruz, acima de todos.

Durante o espetáculo, uma amiga ligou para o meu celular e enviou mensagens de texto. "Que baderna!" "... isso ai está um circo. É por isso que fico indignada com a política". Discordo. De fato havia um grupo e meio, já conhecido, com o intuito de bagunçar, mas ali houve uma política praticamente sem hierarquia. O povo ditou as regras. Riu da bomba.

Por outro lado, quem tentou rir foi um candidato que caminha conforme a corrente. O sorriso dele, porém, saiu de forma amarelada, conforme os cartazes espalhados por aí. Eu lembrava a todo momento que havia câmeras (acho que três) na ágora. Lindo!

Não fiquei até o final. Já estava tarde e havia presenciado o suficiente. Adorei. Amei. Se não fosse o custo das passagens de ônibus, tudo teria saído de graça, mas valeu a pena. E como!

O episódio se estendeu pelo dia seguinte, justamente por não receber destaque dos jornais. O caso merecia manchete, com fonte vermelha tamanho cem e só uma foto na capa. Talvez uma edição especial, com os desdobramentos e reflexos na sociedade. Mesmo assim, foi inesquecível. Os meus netos vão agradecer muito!
Possíveis manchetes para o episódio da UCP:
"Candidato propõe debate na praça. Bruno e Marrone concordam, guarda, não!"
"Objeto não identificado voa no salão da universidade"
"Juiz tenta impor moral. ahahahahahahahaha"
"Candidatos assistem ao debate dos militantes"
"Bomba encontrada no banheiro ameaça debate, mas o faxineiro foi chamado às pressas para puxar a descarga" (o povo, porém, teme a vitória das fezes)

Inconhecimento

É curiosa a ação eficiente da ciência, dos meios de comunicação e dos mitos sobre nós, animais supostamente inteligentes. De uma hora para outra, a nossa visão altera radicalmente em relação a um determinado conhecimento. Há poucos anos, o macaco era a origem do homem. Teoria já desgastada. Outro mito que também caiu por terra foi o status da Amazônia como "pulmão do mundo". Até a segunda ordem, os oceanos, sim, são o "pulmão do mundo".

A última que eu li refere-se ao aviador Santos Dumont (que não é mais o inventor do avião). Para muitos, Dumont criou o relógio de pulso. Enganam-se! Ele apenas o popularizou e o tornou unissex, pois até então só as mulheres usavam o adereço (criado em 1868 por uma empresa franco-polonesa, cinco anos antes do nascimento de Santos Dumont).

Vemos, assim, que não apenas a vida contemporânea, os relacionamentos (afetivos e profissionais) são efêmeros, mas também o conhecimento, o que pode ser perigoso. Se hoje eu sei, amanhã posso não saber e o meu conhecimento hoje é um inconhecimento, algo não sólido, não consistente. Portanto, um conhecimento não confiável.

Se atualmente o apego da humanidade é ao conhecimento científico, à produção de informação, podemos correr o risco de, em breve, sofrer uma grave crise existencial, caso alguma nova teoria coloque em dúvida as principais crenças que estruturam o nosso pensamento. Se de fato isso acontecer, atravessaremos um período semelhante ao do povo grego, que por volta do século VI a.C não se sentia satisfeito com as explicações míticas sobre o mundo. Percebeu-se que o porto-seguro do conhecimento não era tão seguro como se imaginava.

Séculos depois, durante a Idade Média, o conhecimento estava em Deus. Todo ato humano tinha como finalidade atender aos ensinamentos da Igreja Católica. Mas... vimos que tal conhecimento era um inconhecimento. Através de pensadores como Descartes, Locke e Voltaire, o Iluminismo despertou nas pessoas a curiosidade e a fome de saber.

Embora hoje o monopólio do conhecimento se concentre nas ciências, muitas teorias surgidas a partir do Iluminismo são contestadas. Nem as verdades do alemão (naturalizado norte-americano) Albert Einstein escapam das contradições histórico-científicas. Segundo a Teoria da Relatividade, quanto mais rápido o indivíduo locomover-se pelo espaço, mais lento viajará no tempo, retardando o envelhecimento. Já acredita-se que o efeito seria o contrário: o envelhecimento precoce.

Se eu perguntar quem descobriu o Brasil, muito provavelmente, você responderá: Pedro Álvares Cabral- como a tia do primário ensinou. Contudo, embora tenhamos sido colonizados por Portugal, a história revela, pelo menos por enquanto, que um espanhol (Vicente Yañez Pinzón) foi o primeiro a pisar em terras tupiniquins (depois dos nativos, é claro!).

É admirável (!) como somos tão vulneráveis ao discurso oficial, que afirma e desafirma, assim, como uma celebridade que troca de namorado (a). Pode ser que amanhã nos ensinem que Havana é a capital da Venezuela. Aliás, você já foi à Venezuela ou em Cuba (cuja capital ainda é Havana)? Será que esses países existem mesmo?

Quase uma crônica

Ás vezes dá vontade de escrever, mas sem assunto definido. Expressar apenas por expressar. Isso atrapalha um pouco (ou talvez ajude muito). É o caso agora. Costumo discutir bastante sobre temas como o Brasil, a política, a sociedade, etc. No momento, porém, penso em elaborar uma crônica cujo assunto seja diferente, distante do meu conhecimento e do conhecimento do público. Seria um texto puramente opinativo, carente de análise científica, dados oficiais, declarações de autoridades e coisas do tipo. Só achismo.


Em uma de minhas crônicas não discorri por pouco a respeito dos mitos dos nativos de Madagascar. Sabia e sei praticamente nada dos moradores de lá. As únicas informações de que disponho são que os madascarenses (??!!) moram em Madagascar, aquela ilha próxima à África do Sul, e que os nativos têm mitos (redundância?). Nada que me garanta autonomia para debater sobre. Ótimo, pois a idéia é essa. Mas os madascarenses (??!!) ainda não me inspiram muito. Quem sabe numa próxima oportunidade?


Um Domingo desses (mais precisamente dia 7 de setembro), li a coluna do Veríssimo no O Globo, com o objetivo de extrair algo que me inspirasse a produzir uma crônica com tema excêntrico. Ele, porém, abordou os grampos telefônicos que a Abin teria aplicado no ministro Gilmar Mendes. Muito comum, mas melhor do que falar sobre a independência do Brasil.


O fato é que dias depois não havia iniciado o texto e a pressão para atualizar o blog vinha aumentando. Poderia escrever qualquer porc#%*aria a respeito da seleção brasileira de futebol, da Mulher Melancia, das eleições municipais ou do próprio grampo e preencher esta lacuna. Só que ainda sim precisaria produzir algo cujo assunto fugisse do meu conhecimento. De fato não é tão difícil. A maior parte de tudo foge do meu conhecimento e do conhecimento de qualquer humano, embora não possa se esconder.


Por isso iniciei esta crônica. Sabia que ao longo dela chegaria ao meu objetivo. Afinal, o texto foi (está) transcorrendo de forma natural. Muitas vezes produzo textos sem mesmo saber o que virá no parágrafo seguinte. O importante é a idéia, é escrever, mas sem encher lingüiça, como dizem por aí (e como enchem por ai).


Esta máxima serve para qualquer texto, não apenas para o literário. Serve para o texto jornalístico, o texto de uma carta, de um e-mail... O leitor não pode sentir que perde tempo. E é em respeito a você que interrompo aqui esta pré-crônica, pois ainda não tenho um tema ao redor do qual discursar, mas aceito sugestões.

Obs: Vejam só, quem nasceu em Madagascar é Malgaxe, fala malgaxe e francês.
Fonte da imagem:
www.arquitetura.ufba.br/superficies/sobre.htm

A filosofia da maçã e do bolo de chocolate

Maitê Proença é meu novo ídolo, minha nova inspiradora. Todos deveriam basear-se na filosofia de vida pregada por ela. Maitê merece ser patrimônio mundial da humanidade, merece ser eleita a personalidade do ano pela revista Time. A imagem dela deveria virar selo (e caro!), deveria ser estátua na Av. Atlântica, ao lado de Carlos Drummond de Andrade, mas de frente para o mar.

"No fundo no fundo... eu não gosto de trabalhar. O que eu queria mesmo é ficar deitada numa rede, comendo maçã e bolo de chocolate", declarou Maitê durante entrevista concedida ao Jô Soares. Ela completou: "Esse negócio de correr atrás não traz felicidade".

Maitê sabe. Maitê conhece.

A civilização, hoje, é escrava da expectativa, está sempre à espera do futuro. "O que você vai ser quando crescer, menino?". A economia dos países está submetida às bolsas de valores, onde o capital é especulativo, líquido. Um espirro do presidente Bush deixa muitos latino-americanos gripados. Uma simples declaração de um sheik árabe tumultua todo o mercado de petróleo.

Hoje em dia nada termina. Tudo o que você faz é pouco, perto do que poderia fazer. O profissional é profissional 24h. O estudo e o trabalho são constantes. O capital (e tudo mais) é cumulativo. A programação da TV é continua. As grandes e médias cidades funcionam inclusive durante a madrugada... e por aí vai. Já dizia Cazuza: o tempo não pára.

Em contraste, há um movimento conhecido como Slow Europe. Os adeptos dele pregam uma opção de vida diferente da difundida pela Globalização, que obriga rapidez, estresse, competitividade, angústia, abstração e relações frias, inclusive entre membros da mesma família, gerando um caos comportamental.

Antes do Slow Europe, foi criado, há alguns anos, na Itália, o Slow Food, cuja proposta é a de valorização do tempo em que se come e, também, do próprio alimento. Diferentemente, o estilo de vida contemporâneo, do homem urbano, impõe o atropelamento de atitudes, comprometendo a produtividade e a qualidade do que se faz, inclusive o momento da refeição, muitas vezes ocorrida em um balcão de lanchonete, em pé.

A versão européia da revista Business Week publicou uma reportagem apontando que os franceses trabalham menos tempo do que os ingleses e americanos. Porém, a produtividade dos primeiros é superior em relação aos outros, cuja insatisfação e a necessidade de corrigir as atividades são mais freqüentes.

Por tudo isso, a filósofa Maitê nos lembra que contemplar também é viver; que comer maçã numa rede pode ser tão ou mais saboroso do que comer um hambúrguer no McDonald’s e que há limite para o trabalho, responsável pelo sufocamento do "eu" pessoal pelo "eu" profissional.

Pelo que sei, Maitê não escreve nada sobre tal visão de vida. Não publica livros, artigos em jornais e tampouco promove grandes eventos para proferir sobre o assunto*. Sócrates assim também não o fazia. Por volta de 360 anos a.C, ele pregava o pensamento através do diálogo, de uma conversa. Essa forma foi suficiente para ele ser reconhecido durante milênios. E é dessa forma que Maitê será lembrada por muito tempo ainda.

As próximas gerações conhecerão tal visão de vida através de registros como este. Serei o discípulo dela, o propagador dos pensamentos de Maitê Proença. Serei o Platão da Maitê, mas apenas Sócrates é Sócrates e Maitê é Maitê.

* Embora ela seja autora de dois livros, estes não tratam necessariamente do tema em questão. Os títulos das obras são: "Entre Ossos e a Escrita" e "Uma Vida Inventada".

O companheiro e a companheira

Publicado em junho no meu antigo blog

Junho, mês dos namorados. Data oportuna para escrever um texto romântico e citar como exemplo de relacionamento duradouro alguma celebridade bastante conhecida. Esta crônica, no entanto, poderia ser confundida com mais uma daquelas que promovem a mídia da fofoca.Pensei, então, em comentar sobre o casal mais famoso da ciência: os físicos Pierre e Marie Curie. Talvez seja uma forma de tornar a ciência mais íntima do leitor, incentivando o conhecimento. O tema, porém, também não me apeteceu muito.

Horas depois, estava quase decidido a mudar o assunto e escrever sobre os mitos dos nativos de Madagascar (não pergunte o motivo). Foi nesse momento que me ocorreu a idéia de analisar o casamento mais comovente e sincero que conheço: o de Lula com a População.

No início, poucos acreditavam que o relacionamento daria certo. Alguns julgavam que eles não combinavam, outros criticavam a aparência do Lula. "Ele é muito feio pra ela", diziam.

Enganaram-se! Já são cinco anos e meio juntos, o suficiente para superar grandes dificuldades. Lembro-me de 2005, exatamente em junho, quando o relacionamento entrou em crise. Acusaram o marido de, entre outras coisas, ser traidor. O casal não rompeu e no ano seguinte renovou o matrimônio. Quem hoje os vê assim, cheio de carícias, não sabe que o processo da conquista demorou, e muito!

Tudo começou em 1989. Sofrida pelos últimos relacionamentos, a População trocou de marido. Dois homens disputavam o coração da donzela magoada. Um deles era Fernando Collor, carioca de uma tradicional família nordestina, boa aparência e que apresentava bonsmodos. O outro era o Lula, este sim sangue do Nordeste, humilde, simples, com baixa escolaridade e que mal sabia falar. A jovem escolheu o primeiro.

Tola População! Mais uma vez enganada! O bom moço abusou da honestidade, da sinceridade e da confiança da esposa. O casamento, que parecia ser duradouro, não passou de três anos, o último em crise profunda.

Era tudo o que o Lula queria para levar a moça para a cama, mas também não foi dessa vez. Após um caso com um senhor soteropolitano, mas de cultura mineira, excêntrico, famoso pelo topete e por gostar de Fusca, a População caiu nos braços de um outro Fernando. Este diferente. Poliglota, carinhoso, inteligente e sociólogo reconhecido em todo o mundo, Fernando Henrique Cardoso, homem fino da elite paulista, ganhou a confiança da calejada dama.

A lua-de-mel demorou bastante tempo, mas oito anos depois o amor estava desgastado. Não havia mais o respeito e a cumplicidade que formara tão bela parceria. Melhor para o Lula, que soube aproveitar a carência da População. Estão juntos desde 2003. Ela reclama um pouco que o marido viaja mais do que fica em casa. No fundo, isso acaba ajudando. Quando ele chega de viagem, só tem tempo para matar a saudade. Embora nenhum deles fale abertamente sobre sexo, comenta-se que o cabra da peste é bom de cama. Coitadinha da População.

Heureca

Antes mesmo de a Sociologia ser introduzida no Brasil, os profissionais da área tentam desvendar a nossa identidade e solucionar questões peculiares do país (vide as teorias importadas). Até hoje, querem compreender processos contraditórios, como o “sucesso” do crescimento econômico aliado à expansão da miséria. Querem compreender como o Estado não quebra com tantos “batedores de carteira”. Criticam a forma de pensar do brasileiro, sempre muito passivo.
Pensam, pensam, pensam (fumaça!), mas... não encontram uma resposta convincente para todos esses temas pré-históricos. Muitos de nós depositam a salvação (!) nos estudos. Dizem que a escola e a universidade seriam capazes de colocar o Brasil na trilha do inchegável primeiro mundo, não apenas da economia, mas da moralização, do respeito e das boas atitudes voltadas ao coletivo.
O sonho do país do futuro, aliás, voltou à moda ano passado depois que a Petrobrás anunciou a descoberta de uma bacia imensa de petróleo e gás natural no campo de Tupi, em Santos. O biodiesel tem sido outro motivo para tamanha euforia.
Durante os primeiros anos da década de 70, o entusiasmo do “milagre econômico” prometia ao Brasil uma posição de destaque entre os maiores países do mundo, aguardada pelo menos até a produção desta crônica. Os índices de crescimento do PIB ultrapassavam os 10%. Atualmente, em contrapartida, o nosso crescimento é um dos mais baixos da América Latina, girando em torno de 4,5% e 5%.
São por causa de experiências como esta que o capítulo do país do futuro precisa, penso eu, ser relido com mais cautela e trabalhado com mais afinco, inclusive pela imprensa, que muitas vezes age de forma irresponsável.
O presidente Lula declarou recentemente no programa de rádio Café Com o Presidente que “o Brasil está preparado para um grande ciclo de crescimento sustentável”. Esta frase não parece familiar? Seria a mesma frase dita por ele todo final de ano desde 2003?
O volume de dinheiro que circula no país já é o suficiente para promover uma qualidade de vida bem superior do que a realidade enfrentada pela maioria das pessoas. Alguém divida disso? Por outro lado, mais capital, aqui, não significa melhor distribuição de renda (novidade, não?).
Se a educação é capaz de dar uma nova roubagem, digo, roupagem ao Brasil, como explicar o envolvimento de pessoas com diploma universitário em esquemas de corrupção (alguém falou em Operação Satiagraha?)? Como explicar deslizes de condutas de padres, que deveriam ter uma formação moral quase impecável?
Embora não sejam todos eles, a educação oferecida hoje em dia é ineficiente, sem dúvida. Os colégios, de um modo geral, apenas ensinam a passar no vestibular, assim como as empresas de auto-escolas só ensinam a obter a carteira de motorista. Depois você aprende a dirigir. No caso do colégio, nem todos aprendem mais tarde.
A segunda opção de resgate do Brasil seria a família, mas esta instituição não anda cumprindo muito bem a função dela. Parece um pouco perdida nesta época confusa, em constante mutação.
A terceira via seria o próprio indivíduo, mas este por si só recusa-se a fazer qualquer alteração que o beneficiaria.
Mesmo com tantos livros, teses, estudos e discursos, a fórmula do Brasil civilizado e evoluído permanece um enigma. Permanecia, porque eu a revelo agora: uma viagem ao espaço. Só isso! Pronto! Simples assim!
Quem revela, na verdade, não sou eu, mas os astronautas, inclusive o Marcos Pontes. Todos eles confirmam que a viagem ao espaço deixa o ser humano mais sensível, mais tolerante. Temas como o conflito entre etnias e a corrida desesperada pelo “progresso” tornam-se pequenos aos olhos de quem vê tudo de longe.
O comentário a seguir é do astronauta brasileiro logo após voltar da Estação Internacional Espacial: “Percebemos que somos muito pequenos perante ao Universo. Não há motivo para tamanha discriminação”.
Se tal efeito, de fato, atingir todos nós seria um ótimo investimento o governo federal financiar passagens espaciais para cada um dos mais de 180 milhões de brasileiros. Para alguns de nós, quem sabe os de colarinho branco, o Estado poderia custear um pacote especial: uma passagem só de ida na poltroninha da janela. Um presente para eles... e para nós também!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Como cidadão consciente e preocupado com o futuro desta nação desencontrada e, talvez, mal direcionada, quem sabe com frágeis estruturas, exerci domingo, de forma obrigatória, a minha cidadania no sentido eleitoral. Fui secretário de uma seção, onde trabalhei de 8h20 (cheguei atrasado de propósito) até 17h. Essa foi a segunda vez que a Justiça me chamou.

A experiência, válida, serviu para construir ainda melhor a minha opinião sobre o voto obrigatório. Não são poucas as pessoas que desconhecem a função do vereador e do prefeito. Absurdo, não?! Em 2006, havia quem quisesse votar no Lula, mas para governador. Que qualidade tem este voto?

Das quase 400 pessoas inscritas na minha seção (ou seria 300?- acho que 400), posso chutar que cinco apareceram bêbadas para votar. Havia, ainda, em outra seção uma menina com uma latinha de cerveja na mão. Já um bom número de sóbrios votam sem prazer, pu%$#tos da vida!
Não sou o primeiro nem serei o último a defender uma reforma do sistema eleitoral. Dizer que o modelo brasileiro é o melhor do mundo e exportador para outros Estados é ser simplista e superficial. É não querer discutir o centro da questão.

As campanhas dos partidos políticos atingem pontos muito distantes, onde o Estado muitas vezes deixa a desejar. O esforço dos candidatos em busca de votos poderia ser estendido para a esfera da conscientização do que é ser cidadão, do que é fazer parte de uma sociedade onde o respeito deveria imperar.
Natural que haja esta distancia da política no seu sentido mais profundo, já que a sociedade individualista é egoísta e privatiza inclusive o que é coletivo. A política deixa de pertencer a mim e a você para pertencer apenas a mim ou apenas a você, dependendo de quem tem mais lobby (deve ser você).

Depois do 2º turno, a gente não encontra mais os candidatos sorridentes como antes. Que tal durante o mandato inteiro os políticos serem solícitos e atenciosos conforme são quando pedem votos?
Que fique bem claro que não sou secretário contrariando a minha vontade, mas se a Justiça pudesse oferecer mais do que um vale-refeição de apenas R$ 15 (não aceito onde presto serviço), seria mais agradável!