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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Explicação? "Tem, pô"!
demorei um "pouquinho de nada", é verdade, mas estou de volta! Espero que gostem da crônica abaixo:
Papai Noel, coitado do coroa, deve estar boladão. Se há poucos anos o gordo mentiroso (até hoje me deve o Fifa 95 para Mega Drive) demorava uma eternidade para nos visitar, nos presentes dias, a vinda dele é mais frequente do que conquistas do Flamengo (bem, modéstia à parte).
O atual período do ano, quando as festas marcantes estimulam a reflexão, é propício para comentários do tipo: "Nossa, como o tempo está voando! O Natal foi ontem mesmo!"
Sobram teorias para tentar explicar o antirrubinho temporal. Uma delas vem da Física. Segundo a Ressonância de Schumann (prometo não ser chato), alterações de equilíbrio físico seriam responsáveis pela redução do dia: de 24h para 16h. É como se uma espécie de marcapasso regesse a harmonia Terra-homem, cuja frequência seria da ordem de 7,83 hertz. A partir da década de 1980, a pulsação do planeta teria começado a aumentar, resultando numa dissintonia entre ele e nós. Leia-se: perturbações climáticas etc.
Outra abordagem, mais conhecida, é a sociológica/psicológica. A intensa movimentação contemporânea daria a nós a sensação de que o tempo estaria mais depressa do que antes, quando havia menos afazeres e a Sessão da Tarde era bom pra casse...ramba (alguém já ouviu falar sobre o filme A Lagoa Azul?).
Epa! Estou enganado, ou a Teoria da Relatividade, do nosso amigo Albert Einstein, diz que quanto mais rápido no espaço, mais devagar no tecido temporal? Então, toda essa agitação pós-moderna deveria tender para a lentidão. Bem, talvez até seja, mas de quem observa de fora. Afinal, segundo a teoria, tudo é relativo. Mas, é melhor deixar de lado essa viagem, pelo menos por enquanto. Até porque em matéria de Exatas sou tão turista quanto alemão alto (no sentido etílico) cantando funk e dançando samba no calçadão de Copacabana em pleno réveillon.
Agora, se W.O. Schumann estiver mesmo certo, as Olimpíadas 2080, na Antártica, praticamente estão aí!
Bom dia e
felicidades!
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Puxão de orelha nele!
A ciberleitora Gabriela Xavier, de São Luiz-MA, enviou ontem um e-mail criticando a baixa frequência de atualização do Letras e Harmonia:
"Gosto dos seus textos, mas a falta de postagens constantes acaba afastando os leitores".
Ela está certíssima. Nos últimos meses, tenho atualizado o blog poucas vezes, o que não é do meu agrado (nossa, o mês de agosto passou liso). Mesmo assim, vou me esforçar mais para aproveitar o tempo livre e publicar mais crônicas. Já adianto que um texto está em fase final de produção!
O nome da crônica é... bem, surpresa!
Felicidades e bom dia!
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Antes tarde...
Essa crônica foi inserida num veículo local aqui da cidade, ok?
Se há uma situação que incomoda um cronista, essa situação é a falta de assunto, mesmo num mundo onde de tudo se dá, inclusive gente de casado na praia em dia de Sol (acredite!). Quando isso acontece às vésperas de entregar o texto ao veículo é tão ou mais desgostoso do que quando o Flamengo perde o Campeonato Carioca (mais raro do que a passagem do cometa Halley ou sorrisos nos lábios de João Gilberto). De fato, não sofro tanto com isso, mas por pouco deixo de publicar essa (espero) agradável coluna no agradável Jornal de Pedro do Rio.
Durante o mês de setembro, várias idéias surgiram para servirem de tema central da crônica. A principal delas foi sobre um brilhante discurso proferido pelo presidente Barack Obama a alunos estadunidenses, que cursam do jardim ao ensino médio. O cara foi tão sensacional, que se ele tivesse um perfil no orkut.com, eu o convidaria para a minha rede de amigos e preencheria aquela estrelinha que nos permite tornarmos fã de alguém (semana passada um Obama me adicionou no Orkut, mas deve ter sido algum fake, eu acho). Obama tocou em assuntos fundamentais da sociedade, sempre se baseando na educação formal e também informal.
Durante o pronunciamento histórico, pelo menos eu classifico dessa forma (quem faz a minha classificação sou eu, e daí?), ele praticamente exigiu responsabilidade por parte das crianças, mesmo as que (coitadinhas) acabavam de sentar pela primeira vez nas cadeiras escolares, sem entender o que era giz de cera.
Foi emocionante, muito mesmo! Alguns oposicionistas acusaram o presidente de ter agido de maneira severa demais. Mesmo assim, entendo que ele mandou uma real, como se diz na linguagem cotidiana. Penso, inclusive, que debates do tipo poderiam ser incentivados periodicamente nas e pelas instituições de ensino.
Belíssimo! Achei tão interessante o discurso, que decidi abordá-lo neste espaço. Algo me impediu, porém! Algo me confidenciou que eu seria repetitivo e pouco despertaria o interesse do querido leitor. Depois você até pode me corrigir, mas sinto haver certa falta de motivação para temas assim na sociedade.
O que fazer então? Chutar o balde? Quem sabe inventar uma história e acabar de vez por todas com esse dilema? Imaginei divulgar o encontro que tive com o presidente Lula há três semanas e oito dias num restaurante no Centro da cidade, mas suspeito que não seria muito convincente! Petrópolis é um ovo (elegante, mas é ovo), todos se conhecem e logo a verdade estaria revelada! Além disso, o presidente não deve ser grande apreciador de PF´s com guaraná.
Quase jogando a toalha, surgiu uma inspiração daquelas (mais raras do que a passagem do cometa Halley e vitórias do Rubinho Barrichello). Todo o texto sobre as mulheres brasileiras presidenciáveis (Dilma Rousseff, Marina Silva e, talvez, a Heloísa Helena) apareceu na minha mente, pedindo muito, insistindo bastante para viajar pelas folhas do caderno (antes de passar para o computador, escrevo no caderno, e daí? O caderno velho é meu!). Uma pena já não ter mais tempo para desenvolver o tema!
domingo, 20 de setembro de 2009
Se não fosse o sorvete, entraria para a História!
Meleca! Acordei com uma sede imensa de escrever algo realmente bom, bom mesmo, inédito, jamais lido na história do planeta Terra nem na de qualquer outro espaço do espaço. Queria revolucionar, causar um intenso impacto positivo no modelo de elaboração de textos, chocar, desconfigurar e reconfigurar.
Tremenda sacanagem! A inspiração veio, digamos, incompleta. Não me ocorre, pelo menos até o presente momento, uma ideia precisa de como, de fato, colocar a vontade em prática. Como realizar a ousada façanha (aceito sugestões)? Talvez inventar um idioma bem avançado para contribuir com a transmissão da informação inserida em textos; quem sabe falar sobre um tema nunca antes abordado em parte alguma do Universo; começar a crônica pelo meio e terminar com o fim de alguma crônica produzida por outra pessoa, deixando o início em branco, convidando-o (a) a sugerir um começo que se encaixe no restante! Ainda não sei como encontrar solução para esse mistério. Injustiça das grandes!
Se a inspiração viesse completa, eu ficaria ultrafamoso do dia para a noite, seria entrevistado em horário nobre pelo midiático prof. Pasquale, seria citado em importantes livros de autores consagrados, tiraria foto ao lado do presidente, ganharia uma coluna semanal no O Globo e no The New York Times, conheceria todo o Brasil, ganharia livros de presente (mesmo sem impostos, os preços são bem salgados), receberia homenagem da Academia Brasileira de Letras e elogios públicos do Fernando Veríssimo.
Por capricho e vaidade, só me chegou o desejo, grande desejo, de profunda radicalização textual. Só isso e nada mais! Petulância! Desrespeito! Imoralidade das brutas! Como se me dessem de presente uma bicicleta superequipada, mas faltando a corrente, sem a qual permanecemos no mesmíssimo lugar!
Aí, o (a) querido (a) ciberleitor (a) diria: basta comprar a corrente, meu caro desatento! A situação é como se fosse, no caso, um esforço para atingir o bendito resultado inédito. Agradeço, mesmo, o suposto palpite, mas num domingo preguiçoso como esse, de Sol maroto e vento companheiro, a energia foi bem reservada para comprar sorvete de flocos no mercadinho aqui próximo (R$ 1,20 a casquinha com uma bola), a uns 500 metros.
Ah, e ainda preciso conferir a Mega-Sena acumulada em R$ 24 milhões. Com esse agrado, bancaria o futebol do Flamengo em troca de uma vaga no ataque ou na posição de armador da equipe titular. Manchete do Lance!: Artilheiro Bruno Lara forma dupla de ataque com o Imperador Adriano. Talvez até obtenha um lugar na seleção que disputa a Copa do Mundo ano que vem. Imagina o “Letras e Harmonia – a leitura gostosa da arte feita com prazer” estampado na camisa de cada jogador! Na final da Copa, Robinho marca o gol do título e comemora diante da torcida, fotógrafos e câmeras, que registram o novo patrocínio. Um incentivo à leitura no mundo do esporte, como não!?
Bem, enquanto os malotes de Reais não chegam, vou ao mercadinho do Sr. Jorge comprar o sorvete, e mais tarde conferir o resultado da Mega-Sena (esse estratégico atraso ajuda a manter por um pouco mais de tempo a esperança de ir à África do Sul em 2010 ou de estar no gramado do Maracanã na final do próximo Carioca).
Uma pena a inspiração ter vindo logo num domingo safado assim! Pode ser que na próxima terça ou quarta-feira, quando o ritmo mais acelerado nos agita, a ansiedade pela inovação textual faça nova visita e contenha um anexo, ou ainda eu possa trabalhar essa questão com mais dedicação. Qualquer coisa, retorno para compartilhar e desfrutar os louros da genialidade oculta!
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Méson-pi humano
Fundamental célula social, a família também requer um méson-pi forte, ainda mais nos presentes dias, em que o trânsito de informações é intenso, complexo e impacta a todos nós, mergulhados numa contemporaneidade cuja definição ainda é bastante discutida. Poderíamos estender essa aplicação às escolas, empresas, enfim, aos mais diversos grupos que compõem a sociedade, mas o espaço é curto e a preguiça é longa para inserir aqui outras organizações sociais.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
Série: Ouvi por aí
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Estava eu há meia hora no ponto esperando o ônibus, quando um rapaz- brincalhão- que conversava com o amigo disse:
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- Você sabe que a Revista Veja tem outro nome em Minas Gerais, né?
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- Essa é novidade para mim. Como é chamada a Veja por lá?
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- Óia!
quinta-feira, 2 de julho de 2009
1º de abr...julho
Certo, mas vamos combinar que a redução não é lá das mais atrativas. Quebra um galho! Segundo a matéria, uma conta de R$ 50 vai custar R$ 48,59. OK, pelo menos dá para pagar o jornal de ontem.
Ops, é isso mesmo? O último parágrafo informa que, ao contrário da empresa Light, a Ampla, fornecedora da minha região, decidiu manter a taxa até 2011?
PQP, quero o meu dinheiro de volta!
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Obs: pelo menos a grana valeu pelo conteúdo da página 7, que aborda... ih, preciso ir pois o PC está ligado por muito tempo... gasta uma energia!
sábado, 27 de junho de 2009
ESTRÉIA: Nossa Prosa
Como eu disse, o Letras e Harmonia apresenta hoje uma novidade. É o "Nossa Prosa", um espaço reservado a entrevistas sempre interessantes ("onde está a modéstia, sr. Bruno?").
Formado há 19 anos pela Faculdade da Cidade, ele especializou-se em Jornalismo Cultural (2004) pela Universidade Estácio de Sá e fez mestrado em Ciência Política (2005) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Iniciou a carreira no jornal Tribuna de Petrópolis, tendo trabalhado ainda em veículos como na Revista Veja e nos jornais O Globo e O Dia.
Durante uma estadia na França. Conversando com várias pessoas e observando os cenários e práticas sociais, entendi que havia mais afinidades entre as nossas culturas do que se supunha. A pesquisa confirmou isso.
Quais momentos o senhor destacaria?
Em parte, sim. Tudo começou com a idéia de produzir um artigo, há dois anos. Com a pesquisa concluída ano passado, constatei que o material era muito grande, renderia um livro. Ora, nada melhor do que escrevê-lo para lançá-lo no "Ano da França no Brasil".
Como foi realizada a pesquisa? Fale um pouco sobre as fontes.
Embora tenha conversado com muita gente, não reproduzi o resultado destes diálogos. Preferi as fontes documentais. Meus "entrevistados" são historiadores e, principalmente, testemunhas e contemporâneos dos eventos analisados. Não há qualquer segredo, todos eles estão publicados em livros e teses.
Quando eu falava a eles sobre personagens franceses na história do Brasil, eles em geral ficavam bem espantados, simplesmente ignoravam que seu país tivesse sido tão importante na construção da nossa cultura. Muitos sugeriram que eu escrevesse a respeito disso.
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Grande parte do olhar cosmopolita deles, muito daquilo que eles entendem sobre o mundo, tem a ver com suas antigas colônias, na Ásia e na África - e o Brasil acaba sendo uma grande incógnita. A rigor, aliás, "A Francesa História do Brasil" é um livro escrito para o mercado francês.
Isso tem mais a ver com a receptividade. Estou otimista, acho que poderá ser uma leitura agradável para muita gente, mas qualquer "meta" seria, na verdade, um palpite.
De toda forma, porém, neste mesmo período o Brasil e os brasileiros começaram a ver sua própria identidade como algo digno. No caso da arte, por exemplo, passou a considerar que a arte "popular" do Brasil era, sim, de qualidade. Daí é difícil dizer que haja, ainda nos dias de hoje, uma influência estrangeira decisiva, como foi a da França no passado.
"Aquela anedota de os estrangeiros acharem que o Brasil é a capital de Buenos Aires, ou que nas nossas ruas as cobras passeiam livremente, não está muito longe daquilo que os franceses em geral sabem sobre o Brasil", Eduardo Jorge de Oliveira.
Há, é claro, iniciativas notáveis - desde a capoeira até grandes pesquisadores radicados na França. Mas não sei se o papel destes agentes é suficiente para que falemos de uma "marca cultural" brasileira na Europa.
Pretende escrever outros livros abordando este tema ou mesmo assuntos variados?
A pretensão é eterna. No momento, porém, prefiro manter as idéias reservadas.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
Vem surpresa boa ae!
Hoje venho aqui para anunciar que logo logo retorno com uma novidade no Letras, ok??
Abraços!!
Felicidades!!!
sexta-feira, 12 de junho de 2009
O companheiro e a companheira
Bem, como não poderia deixar passar em branco o Dia dos Namorados, deixo uma crônica que publiquei ano passado no Comunique-se. Não foi possível produzir um texto novo por causa da correria pós-moderna, mas tenho certeza de que muita gente ainda não conhecia esse aqui.
Espero que gostem. Boa leitura!
Horas depois, estava quase decidido a mudar o assunto e escrever sobre os mitos dos nativos de Madagascar (não pergunte o motivo). Foi nesse momento que me ocorreu a idéia de analisar o casamento mais comovente e sincero que conheço: o de Lula com a População.
No início, poucos acreditavam que o relacionamento daria certo. Alguns julgavam que eles não combinavam, outros criticavam a aparência do Lula. "Ele é muito feio pra ela", diziam.
Enganaram-se! Já são cinco anos e meio juntos, o suficiente para superar grandes dificuldades.
Tudo começou em 1989. Sofrida pelos últimos relacionamentos, a População trocou de marido. Dois homens disputavam o coração da donzela magoada. Um deles era Fernando Collor, de uma tradicional família nordestina, boa aparência e que apresentava bons modos. O outro era o Lula, este sim sangue do Nordeste, humilde, simples, com baixa escolaridade e que mal sabia falar. A jovem escolheu o primeiro.
Tola População! Mais uma vez enganada! O bom moço abusou da honestidade, da sinceridade e da confiança da esposa. O casamento, que parecia ser duradouro, não passou de três anos, o último em crise profunda.
Era tudo o que o Lula queria para levar a moça para a cama, mas também não foi dessa vez. Após um caso com um senhor soteropolitano, mas de cultura mineira, excêntrico, famoso pelo topete e por gostar de Fusca, a População caiu nos braços de um outro Fernando. Este diferente. Poliglota, carinhoso, inteligente e sociólogo reconhecido em todo o mundo, Fernando Henrique Cardoso, homem fino da elite paulista, ganhou a confiança da calejada dama.
A lua-de-mel demorou bastante tempo, mas oito anos depois o amor estava desgastado. Não havia mais o respeito e a cumplicidade que formara tão bela parceria. Melhor para o Lula, que soube aproveitar a carência da População. Estão juntos desde 2003. Ela reclama um pouco que o marido viaja mais do que fica em casa. No fundo, isso acaba ajudando. Quando ele chega de viagem, só tem tempo para matar a saudade. Embora nenhum deles fale abertamente sobre sexo, comenta-se que o cabra da peste é bom de cama. Coitadinha da População!
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Sequestro emocional (parte 2- final)
Quando entrou na agência bancária, porém, se deparou com uma fila... uma fila gigante, que botava inveja em qualquer terminal de ônibus às 17h (ok,ok, exagero, mas de fato a fila não era muito animadora)! "P*@# ... riu, vou ficar aqui o dia inteiro!" Para agravar, dos cinco caixas, apenas um funcionava.
Um senhor gordo, desleixado, de cabelos brancos e cara de poucos amigos atendia aos clientes. Nem aí para o tempo. Com só este caixa aberto, idosos, gestantes e deficientes físicos, que tinham a preferência, retardavam ainda mais a fila da qual Batista era o último.
Parecia que brotavam idosos na porta do banco. "Será que todos marcaram encontro aqui hoje, meu Deus?" Havia de todos os tipos: baixos, altos, homens, mulheres, gordos magros, com e sem óculos, modernos, tradicionais, agitados, serenos, sozinhos, acompanhados e até quem se fazia de mais velho para passar à frente.
Pronto, a inquietação tomara conta do corpo do Batista! As mãos se mexiam a toda hora, coçavam o nariz, mexiam no cabelo, estalavam os dedos. Mãos no bolso. Mãos fora do bolso. Os pés não paravam de mover-se, quase obrigando-o a andar por toda a agência. E o olhar, então? Igualzinho. Finalmente o estresse se manifestava. Uma visita pra lá de indesejável.
Percebeu que ao lado de uma das câmeras de segurança, atrás do quinto caixa (vazio) havia um relógio digital: 14:36. A hora, porém, não mudava. Quebrado. Botou as mãos no bolso da calça para encontrar o celular. Sem bateria. A cada frustração, a cabeça ficava mais e mais quente. A raiva era alimentada. Os músculos do rosto contraídos e o suor na testa denunciavam a angústia. Uma imagem do cérebro mostraria a amígdala cortical, responsável pelas emoções, dominando o órgão. Tensão. Hipertensão.
A fila andava com uma lentidão impressionante, como jamais acontecera antes na vida dele. "Ninguém reclama! Será que só eu me incomodo com esse tratamento?", pensou quase em voz alta. O esforço foi ficando muito intenso e cansativo para segurar a explosão. Tinha tudo esquematizado na mente. Em poucos segundos daria um grito de indignação e partiria para cima do senhor no caixa: "quem é o incompetente gerente desta espelunca ineficiente que nos desrespeita?". Saindo dali, procuraria o Procon para registrar a queixa e logo depois entraria em contato com um advogado, não, um ótimo advogado para processar o banco. Pena, o dia acabara ali!
Um monte de imbecis na fila, inclusive o Batista, suportando aquelas condições. "Muito atrevimento!". A essa altura, Batista já ultrapassara a cor vermelha. Sentia-se desprezado, menosprezado, injustiçado, humanamente acabado. Uma pena mesmo!
Bastaria alguém dizer um "olá! Como vai?" para Batista estourar de vez. "Como estou? Péssimo, amigo. Há dias dentro dessa cápsula ridícula, capitalista que suga o nosso dinheiro e despreza a gente. Agora sabe como me sinto?". Felizmente, ninguém o cumprimentou.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Série: ouvi por aí!
- Você já está por dentro da reforma ortográfica? Ainda estou boiando.
- Li alguma coisa sobre isso. Não é tão assustadora assim! Por exemplo, somem os acentos nos ditongos abertos "ei" e "oi" das paroxítonas.
O rapaz que as acompanhava franziu a testa e, com uma expressão de perdido na Floresta Amazônica, questionou:
- Ótimo, agora só falta eu saber o que é paroxítona e ditongo aberto...
sábado, 6 de junho de 2009
As promessas
Muito provavelmente você não conheceu o Sósia (apelidado assim por causa da semelhança com o professor de Geografia), mas foi por pouco. Ele era um maestro, jogava futebol com uma facilidade que dava gosto de ver. Pés e bola dialogavam de uma maneira impressionante, íntima e natural. Eu era fã do Sósia. Durante as peladas nas aulas de Educação Física, todos queriam jogar ao lado dele.
Lembro quando o time do colégio perdia por 2 a 1 na final de uma competição de futsal da cidade. Faltando dois minutos, ele virou a partida. O segundo gol foi uma obra-prima, impossível de traduzir em texto. Mas, já adianto que ele driblou o time adversário inteiro antes de dar um sutil toque sobre o goleiro, deixando todos incrédulos e o goleiro com torcicolo. Uma pintura! O treinador deles ficou pasmo, indignado com o que presenciara. A nossa torcida vibrava de emoção. Genial!
Apesar do talento, Sósia jogou no máximo em clubes da cidade, futebol amador. Mas, era visto como uma promessa. Circulava um forte boato de que em algum momento, não muito distante, um olheiro do Flamengo ou de qualquer outro grande clube apareceria para levá-lo de vez. "É tudo questão de tempo". Justiça seria feita e o mundo se renderia ao Sósia, celebridade nas redondezas. Poderia ser diferente? O paparicavam mais do que poodle de madame solteira! O convidavam para festas, almoços. Chovia mulher na horta do camarada.
O tempo, porém, foi passando e o tal olheiro não dava sinal de vida. Atrasara-se o irresponsável? Sósia não se concretizou, não vestiu a camisa do Flamengo nem a da seleção brasileira. Ficou como jogador do futuro. O Maracanã jamais foi palco do espetáculo protagonizado por ele, um pecado. Como eu gostaria de estar na arquibancada numa final Fla-Flu em que Sósia garantisse aos 47 minutos do segundo tempo o título para o Mengão!
Ele só teve uma chance. Nós estamos na segunda em algumas décadas. Nos anos 70, o milagre econômico colocava o Brasil no patamar de país do futuro. "É tudo questão de tempo". O tal tempo passou e mergulhamos numa depressão. Inflação. Desemprego. Instabilidade política... até chegarmos nos anos 2000.
Constantemente os jornais publicam declarações de feras da economia e da política apontando a força e a capacidade do Brasil. Novamente somos promessa, mas as possibilidades são melhores , mais claras hoje. Não é de graça que o presidente Barack Obama declarou: "Lula é o cara". Hugo Chávez não foi leviano ao dizer que o nosso presidente é um "magnata do petróleo", se referindo às descobertas nas camadas do pré-sal.
Parece que os acontecimentos conspiram a nosso favor. A Copa do Mundo de 2014, por exemplo, é uma prova da confiança que estamos conquistando. Acho até que o retorno do Ronaldo, do Fred e do Adriano ao Brasil está longe de ser mera coincidência. Faz parte do processo de valorização do contexto interno. É o alinhamento da Lua com o bum@*m brasileiro. Um eclipse inédito!
Tudo isso, no entanto, só nos coloca na posição de promessa de país do futuro. Falta caminhar um pouco (ok, muito) para atingirmos o nível de nação avançada e realmente decisiva no cenário internacional. Ou aproveitamos a oportunidade para vencer, ou seremos mais um Sósia. A vantagem do Brasil é que pode agir pelo próprio bem, pois de fato existe. Sósia, não!
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Série: ouvi por aí!
Na fila do Banco do Brasil, um amigo vira para o outro:
- E esse negócio do Lula ganhar o terceiro mandato, hein!
- Não é a Dilma a candidata do PT?
- Sim, mas o Lula tem mais votos. Há um deputado de Sergipe louco para aprovar no Congresso mais uma reeleição.
- Sei...
- Talvez haja um plebiscito no fim do ano para ver se o povo apóia.
- Faz isso não, rapaz!
- Por que, você é contra?
- O plebiscito, sim. Se houver eleição, a Justiça Eleitoral me chama novamente para trabalhar domingo.
Já já a parte final do conto "Sequestro Emocional" e um crônica.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Sequestro emocional (parte 1)
(Continua...)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Noveleiro sim... e daí?
A história está nos primeiros capítulos, mas parece estar no clímax, próximo ao final. A guerra entre mocinho (governo) e bandido (oposição- ou seria o contrário?) dá à trama suspense, ação, aventura, emoção e vida. Demais mesmo! A cada episódio, estimulantes acontecimentos prendem a minha atenção. Não gosto de perder parte alguma, nadica de nada! Leio até revistas especializadas e assisto a programas que debatem as novelas, os possíveis desdobramentos, as alianças, os casamentos, as traições. Também busco conversar com amigos para tentar adivinhar cenas do próximo capítulo, mas quase nunca somos felizes... são tantas reviravoltas!
Interessante é que com 11 soldados compondo o exército, o mocinho não conseguiu garantir a nomeação do presidente e do relator da CPI, pelo menos até o momento em que escrevo a crônica, digo, artigo especializado sobre fofocas e novelas. Com apenas 3 soldados, os adversários, bravos, ferozes e ardentes por vitórias, ameaçam ocupar o cargo da presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito, através do general ACM Júnior, herdeiro de um nobre senhor. Haja garra e heroísmo!
Enquanto as tropas travam intensas lutas no campo de batalha, em Brasília, manifestações eclodem em outros territórios, como os protestos da Federação Única dos Petroleiros, no Rio de Janeiro. São contra a instalação da CPI, mas não há volta. Bom para os telespectadores, que acompanhamos mais alguns meses de muita diversão, até começar outra grande superprodução sucesso de audiência (a última que parou o país foi O Mensalão, há 4 anos- ô novelinha boa da conta!).
Particularmente, não sei para qual lado torcer. Por enquanto, analiso os discursos e assisto aos conflitos, às vezes cruéis e engraçados ao mesmo tempo. Rio até agora da cena em que o imperador Lula, o Grande, chamou de adolescentes certas atitudes do exército inimigo. Declarações deste tipo, na verdade, são constantes, porque as intrigas apimentam a história.
Bem, independente dos ataques, das estratégias de guerra, das armas e articulações, convenhamos, sabemos onde isso tudo vai terminar. Essa novela, embora muitíssimo bem escrita, não é nova. Senão, não estaria sendo transmitida no Vale a Pena Ver de Novo (?).
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Por precaução, calo-me
Vamos deixar de lado o fato de que discussão e política são como Zeca Pagodinho e cerveja, dinheiro e Silvio Santos, queijo e Minas Gerais, inseparáveis. O interessante (ou desinteressante) é que o clichê acusa o desgosto por uma ferramenta poderosa o suficiente para organizar e desorganizar toda a ordem do mundo, mexer profundamente nas nossas vidas.
sábado, 23 de maio de 2009
O otimismo e a crise
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sexta-feira, 22 de maio de 2009
Série: Ouvi por aí!
- Você viu esse negócio da CPI da Petrobrás?
- Parace que vão privatizar, né? Não entendo o porquê, rapaz!
- Dizem que o Fernando Henrique (Cardoso) mandou.
- Eu, hein! Será que vão aumentar o preço do combustível?
- Vixi, a passagem já é cara... daqui a pouco ônibus vai ser transporte de rico!
Desci no ponto seguinte.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Por trás da cortina (parte final)
E a namorada do estudante?
Formado em Comunicação e em Geologia, o professor cursara, ainda, especialização em Geografia e Turismo, mestrado e doutorado também em Comunicação. É autor do livro: "Brasil-nação: autonomia política e bem-estar humano". Apesar de tudo, o senhor Amadeu costumava dizer que a maior riqueza de conhecimentos vinha do autodidatismo: "Assim, sigo a minha própria intuição, sem o rigor da academia".
Após alguns meses, a monografia do Caco estava praticamente concluída. Faltava um detalhe ou outro, mas nada que comprometesse o trabalho, realmente bem elaborado, fruto de bastante esforço, dedicação e gosto pela tarefa.
- Acho que é isso, filho. Enfim, terminamos. Acho que você vai se sair muito bem quando for apresentar a monografia.
- Obrigado, professor! - Caco permaneceu em silêncio durante uns cinco curiosos segundos, até dizer- Antes de conhecer melhor o senhor, tinha uma imagem distorcida. Achava o senhor muito careta, sério, que não sorria, não brincava...
O senhor Amadeu sorriu, pôs a mão direita no ombro do rapaz e olhou profundamente no olho dele antes de emendar:
- Na vida, você ainda vai ter inúmeras surpresas como esta. Por trás daquela cortina na faculdade, há um espetáculo que pode ser muito interessante. Faz parte da vida.
Com expressão de admiração, Caco ouvia atentamente.
- O mesmo acontece entre você e a sua namorada. Vocês vivem em atrito. Se tiverem um pouco mais de paciência e compreensão, conseguirão avançar e perceber além da cortina, que esconde todo um mundo a ser explorado. Pense nisso.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Por trás da cortina (parte 2)
Caco atendeu à ligação e... ouviu, ouviu, ouviu... Flor mostrava-se realmente irritada com a falha do namorado. Havia preparado-se toda, programado-se, mas Caco deu a mínima. Empolgado com a possibilidade de aprender muito com o senhor Amadeu, o rapaz acabou esquecendo o filme, a namorada. Tudo. Permaneceram por uns 10 minutos discutindo. Xingamentos, palavras e frases grosseiras, acusações...
Na verdade, essa explosão já vinha sendo anunciada há algum tempo. Desde que se conheceram, há dois meses e meio, discutiam bastante. Gostavam mesmo um do outro, mas a freqüência dos atritos enfraquecia o relacionamento. Houve uma semana em que chegaram a se separar duas vezes. Terça-feira à tarde, eles terminaram. Voltaram quarta às 11h30. Separaram novamente quinta à noite e reataram sábado pela manhã. O namoro vivia de altos e baixos, como um, veja só, ioiô e uma gangorra.
O fato é que Caco seguiu para estudar. Resolveria mais essa picuinha mais tarde, numa outra oportunidade. Ao chegar, foi recebido por uma figura menos séria e mais receptiva do que costumava ser na universidade, embora ainda com aquele ar sisudo de intelectual conservador. No apartamento, livros espalhados por todos os lados, formando, inclusive, pilhas que serviam como estrutura de sustenção da mesa. Centenas de livros. “Do Contrato Social”. Este era o livro que o senhor Amadeu segurava quando fora recepcionar o rapaz.
- Que agradável surpresa, meu caro! Não imaginava que realmente viria. Muitos dos meus alunos apenas falam, marcam, mas não comparecem. Mas, vamos, vamos ao que importa. Entre, por favor. Estava trabalhando um livro que pretendo lançar ano que vem. É sobre o que há de política atualmente na sociedade, como acontece a prática política e também o conteúdo educacional transmitido nos colégios do ensino médio.
- Nossa! Bem legal. Fale mais sobre esse projeto.