"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



Contato:
brunolara_@hotmail.com

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Excelente 2010

Obrigado a você pela companhia durante este ano!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Série: Ouvi por aí

Piada Manchete da semana:

Bebeto sonha com título do América no Estadual do RJ.

Foto: Extra online. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Explicação? "Tem, pô"!


Caríssimos,

demorei um "pouquinho de nada", é verdade, mas estou de volta! Espero que gostem da crônica abaixo:




Papai Noel, coitado do coroa, deve estar boladão. Se há poucos anos o gordo mentiroso (até hoje me deve o Fifa 95 para Mega Drive) demorava uma eternidade para nos visitar, nos presentes dias, a vinda dele é mais frequente do que conquistas do Flamengo (bem, modéstia à parte).

O atual período do ano, quando as festas marcantes estimulam a reflexão, é propício para comentários do tipo: "Nossa, como o tempo está voando! O Natal foi ontem mesmo!"

Sobram teorias para tentar explicar o antirrubinho temporal. Uma delas vem da Física. Segundo a Ressonância de Schumann (prometo não ser chato), alterações de equilíbrio físico seriam responsáveis pela redução do dia: de 24h para 16h. É como se uma espécie de marcapasso regesse a harmonia Terra-homem, cuja frequência seria da ordem de 7,83 hertz. A partir da década de 1980, a pulsação do planeta teria começado a aumentar, resultando numa dissintonia entre ele e nós. Leia-se: perturbações climáticas etc.

Outra abordagem, mais conhecida, é a sociológica/psicológica. A intensa movimentação contemporânea daria a nós a sensação de que o tempo estaria mais depressa do que antes, quando havia menos afazeres e a Sessão da Tarde era bom pra casse...ramba (alguém já ouviu falar sobre o filme A Lagoa Azul?).

Epa! Estou enganado, ou a Teoria da Relatividade, do nosso amigo Albert Einstein, diz que quanto mais rápido no espaço, mais devagar no tecido temporal? Então, toda essa agitação pós-moderna deveria tender para a lentidão. Bem, talvez até seja, mas de quem observa de fora. Afinal, segundo a teoria, tudo é relativo. Mas, é melhor deixar de lado essa viagem, pelo menos por enquanto. Até porque em matéria de Exatas sou tão turista quanto alemão alto (no sentido etílico) cantando funk e dançando samba no calçadão de Copacabana em pleno réveillon.

Agora, se W.O. Schumann estiver mesmo certo, as Olimpíadas 2080, na Antártica, praticamente estão aí!




Bom dia e
felicidades!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Puxão de orelha nele!

Amigas e amigos, ótimo dia!

A ciberleitora Gabriela Xavier, de São Luiz-MA, enviou ontem um e-mail criticando a baixa frequência de atualização do Letras e Harmonia:

"Gosto dos seus textos, mas a falta de postagens constantes acaba afastando os leitores".

Ela está certíssima. Nos últimos meses, tenho atualizado o blog poucas vezes, o que não é do meu agrado (nossa, o mês de agosto passou liso). Mesmo assim, vou me esforçar mais para aproveitar o tempo livre e publicar mais crônicas. Já adianto que um texto está em fase final de produção!

O nome da crônica é... bem, surpresa!



Felicidades e bom dia!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Antes tarde...

Olá, pessoal!

Essa crônica foi inserida num veículo local aqui da cidade, ok?


Se há uma situação que incomoda um cronista, essa situação é a falta de assunto, mesmo num mundo onde de tudo se dá, inclusive gente de casado na praia em dia de Sol (acredite!). Quando isso acontece às vésperas de entregar o texto ao veículo é tão ou mais desgostoso do que quando o Flamengo perde o Campeonato Carioca (mais raro do que a passagem do cometa Halley ou sorrisos nos lábios de João Gilberto). De fato, não sofro tanto com isso, mas por pouco deixo de publicar essa (espero) agradável coluna no agradável Jornal de Pedro do Rio.

Durante o mês de setembro, várias idéias surgiram para servirem de tema central da crônica. A principal delas foi sobre um brilhante discurso proferido pelo presidente Barack Obama a alunos estadunidenses, que cursam do jardim ao ensino médio. O cara foi tão sensacional, que se ele tivesse um perfil no orkut.com, eu o convidaria para a minha rede de amigos e preencheria aquela estrelinha que nos permite tornarmos fã de alguém (semana passada um Obama me adicionou no Orkut, mas deve ter sido algum fake, eu acho). Obama tocou em assuntos fundamentais da sociedade, sempre se baseando na educação formal e também informal.

Durante o pronunciamento histórico, pelo menos eu classifico dessa forma (quem faz a minha classificação sou eu, e daí?), ele praticamente exigiu responsabilidade por parte das crianças, mesmo as que (coitadinhas) acabavam de sentar pela primeira vez nas cadeiras escolares, sem entender o que era giz de cera.

Foi emocionante, muito mesmo! Alguns oposicionistas acusaram o presidente de ter agido de maneira severa demais. Mesmo assim, entendo que ele mandou uma real, como se diz na linguagem cotidiana. Penso, inclusive, que debates do tipo poderiam ser incentivados periodicamente nas e pelas instituições de ensino.

Belíssimo! Achei tão interessante o discurso, que decidi abordá-lo neste espaço. Algo me impediu, porém! Algo me confidenciou que eu seria repetitivo e pouco despertaria o interesse do querido leitor. Depois você até pode me corrigir, mas sinto haver certa falta de motivação para temas assim na sociedade.

O que fazer então? Chutar o balde? Quem sabe inventar uma história e acabar de vez por todas com esse dilema? Imaginei divulgar o encontro que tive com o presidente Lula há três semanas e oito dias num restaurante no Centro da cidade, mas suspeito que não seria muito convincente! Petrópolis é um ovo (elegante, mas é ovo), todos se conhecem e logo a verdade estaria revelada! Além disso, o presidente não deve ser grande apreciador de PF´s com guaraná.

Quase jogando a toalha, surgiu uma inspiração daquelas (mais raras do que a passagem do cometa Halley e vitórias do Rubinho Barrichello). Todo o texto sobre as mulheres brasileiras presidenciáveis (Dilma Rousseff, Marina Silva e, talvez, a Heloísa Helena) apareceu na minha mente, pedindo muito, insistindo bastante para viajar pelas folhas do caderno (antes de passar para o computador, escrevo no caderno, e daí? O caderno velho é meu!). Uma pena já não ter mais tempo para desenvolver o tema!

domingo, 20 de setembro de 2009

Se não fosse o sorvete, entraria para a História!

Antes de a senhorita ou o senhorito ler a crônica abaixo, advirto que não é aconselhada para menores de 16 anos, pois contém palavras (em vermelho) impróprias à educação da molecada!


Meleca! Acordei com uma sede imensa de escrever algo realmente bom, bom mesmo, inédito, jamais lido na história do planeta Terra nem na de qualquer outro espaço do espaço. Queria revolucionar, causar um intenso impacto positivo no modelo de elaboração de textos, chocar, desconfigurar e reconfigurar.

Tremenda
sacanagem! A inspiração veio, digamos, incompleta. Não me ocorre, pelo menos até o presente momento, uma ideia precisa de como, de fato, colocar a vontade em prática. Como realizar a ousada façanha (aceito sugestões)? Talvez inventar um idioma bem avançado para contribuir com a transmissão da informação inserida em textos; quem sabe falar sobre um tema nunca antes abordado em parte alguma do Universo; começar a crônica pelo meio e terminar com o fim de alguma crônica produzida por outra pessoa, deixando o início em branco, convidando-o (a) a sugerir um começo que se encaixe no restante! Ainda não sei como encontrar solução para esse mistério. Injustiça das grandes!

Se a inspiração viesse completa, eu ficaria ultrafamoso do dia para a noite, seria entrevistado em horário nobre pelo midiático prof. Pasquale, seria citado em importantes livros de autores consagrados, tiraria foto ao lado do presidente, ganharia uma coluna semanal no O Globo e no The New York Times, conheceria todo o Brasil, ganharia livros de presente (mesmo sem impostos, os preços são bem salgados), receberia homenagem da Academia Brasileira de Letras e elogios públicos do Fernando Veríssimo.

Por capricho e vaidade, só me chegou o desejo, grande desejo, de profunda radicalização textual. Só isso e nada mais! Petulância! Desrespeito! Imoralidade das brutas! Como se me dessem de presente uma bicicleta superequipada, mas faltando a corrente, sem a qual permanecemos no mesmíssimo lugar!

Aí, o (a) querido (a) ciberleitor (a) diria: basta comprar a corrente, meu caro desatento! A situação é como se fosse, no caso, um esforço para atingir o bendito resultado inédito. Agradeço, mesmo, o suposto palpite, mas num domingo preguiçoso como esse, de Sol maroto e vento companheiro, a energia foi bem reservada para comprar sorvete de flocos no mercadinho aqui próximo (R$ 1,20 a
casquinha com uma bola), a uns 500 metros.

Ah, e ainda preciso conferir a Mega-Sena acumulada em R$ 24 milhões. Com esse agrado, bancaria o futebol do Flamengo em troca de uma vaga no ataque ou na posição de armador da equipe titular. Manchete do Lance!: Artilheiro Bruno Lara forma dupla de ataque com o Imperador Adriano. Talvez até obtenha um lugar na seleção que disputa a Copa do Mundo ano que vem. Imagina o “Letras e Harmonia – a leitura gostosa da arte feita com prazer” estampado na camisa de cada jogador! Na final da Copa, Robinho marca o gol do título e comemora diante da torcida, fotógrafos e câmeras, que registram o novo patrocínio. Um incentivo à leitura no mundo do esporte, como não!?

Bem, enquanto os malotes de Reais não chegam, vou ao mercadinho do Sr. Jorge comprar o sorvete, e mais tarde conferir o resultado da Mega-Sena (esse estratégico atraso ajuda a manter por um pouco mais de tempo a esperança de ir à África do Sul em 2010 ou de estar no gramado do Maracanã na final do próximo Carioca).

Uma pena a inspiração ter vindo logo num domingo
safado assim! Pode ser que na próxima terça ou quarta-feira, quando o ritmo mais acelerado nos agita, a ansiedade pela inovação textual faça nova visita e contenha um anexo, ou ainda eu possa trabalhar essa questão com mais dedicação. Qualquer coisa, retorno para compartilhar e desfrutar os louros da genialidade oculta!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Méson-pi humano


Méson-pi. A que esse termo lhe remete? Ao nome do goleiro reserva da seleção de futebol do Tadjiquistão? Ao mais recente ditador a assumir o poder na Coreia do Norte? À denominação de algum satélite de Júpiter descoberto há duas semanas e meia por um cientista húngaro aposentado? A uma tribo indígena em extinção no Norte do Brasil? Quem sabe a um personagem criado por Maurício de Sousa para ingressar na Turma da Mônica e agitar as tramas da turminha, ou ainda a um monumento histórico da Renascença? Talvez à mais nova contratação para preencher a lateral-direita do CSKA, time russo de futebol?

Parabéns! As tentativas foram boas, é verdade, mas longe, bem longe do méson-pi a que me refiro. O termo, no caso, é utilizado pela Física para descrever a partícula subatômica responsável por manter coeso o núcleo de um átomo.
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Ah, não! Lá vem o Bruno com papo-cabeça encher a minha preciosa paciência!
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Calma, calma, não é o que você está pensando. Eu posso explicar (qualquer semelhança com eventual desvio de comportamento conjugal é mera coincidência).
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O méson-pi é considerado um dos fenômenos fundamentais da natureza. Cesar Lattes, no fim da década de 1940, comprovou a existência de uma força capaz de manter unido o núcleo do átomo, formado por prótons e nêutrons (sei lá, talvez venha daí o “Currículo Lattes”) . O fato causou um impacto e tanto na comunidade científica.
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Embora o píon, outro nome atribuído ao senhor méson (só para os íntimos), seja da área de Exatas, a Humanas também pode utilizá-lo, “roubando-o” um pouquinho para explicar alguns fenômenos sociais. Os núcleos dos grupos humanos podem ser mais coesos ou tender à dispersão, comprometendo as relações, atividades e funções.
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Por exemplo, na política, um partido precisa de unicidade, pelo menos a cúpula, para orientar toda a estrutura e cumprir o cronograma de ação. De outra maneira, a sigla age incoerentemente, contrariando os filiados e as propostas. O governo necessita de membros que tenham afinidades entre si para implementar medidas importantes para a sociedade, senão desagrada aos interesses coletivos.

Fundamental célula social, a família também requer um méson-pi forte, ainda mais nos presentes dias, em que o trânsito de informações é intenso, complexo e impacta a todos nós, mergulhados numa contemporaneidade cuja definição ainda é bastante discutida. Poderíamos estender essa aplicação às escolas, empresas, enfim, aos mais diversos grupos que compõem a sociedade, mas o espaço é curto e a preguiça é longa para inserir aqui outras organizações sociais.
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Descobrir a existência do píon humano é tarefa relativamente fácil, nada que requeira a intervenção de um novo Cesar Lattes. O desafio é aplicá-lo com eficiência!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Olá!

Estou um pouco sumido, mas retorno em breve com novas produções para o blog, ok?

Felicidades!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Série: Ouvi por aí

Estava eu há cinco minutos na fila de uma casa de câmbio para trocar alguns dólares... ok, ok, confesso:
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Estava eu há meia hora no ponto esperando o ônibus, quando um rapaz- brincalhão- que conversava com o amigo disse:

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- Você sabe que a Revista Veja tem outro nome em Minas Gerais, né?
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- Essa é novidade para mim. Como é chamada a Veja por lá?
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- Óia!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

1º de abr...julho




Sabe quando uma notícia inesperada (inesperada mesmo) nos deixa sem reação? Imagina a imprensa anunciar amanhã a transferência do Rogério Ceni para o Palmeiras, a vitória de Obina na eleição de melhor jogador do mundo, o título do Rubinho na F1, a chegada de Heloísa Helena à presidência, já no 1º turno, pelo PSDB, ao lado do vice Renan Calheiros, ou mesmo que a Débora Secco está encalhada.
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Pois é, foi assim que me senti ao ler no finalzinho da tarde de ontem a manchete do jornal Extra, único exposto naquela banca, por causa do horário. O título dizia: "Conta de Luz Fica Mais Barata". Durante uns cinco segundos, eu fiquei imóvel em frente à banca de jornal. "Claro", pensei, "1º de abril". O meu relógio, porém, tratou logo logo de me corrigir: dia 1º, ok, mas de julho, meu rapaz!
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Eu não poderia agir de outra forma, senão comprar aquela histórica edição do veículo - nº 4.194, ano XII, quarta-feira, 1º de julho de 2009, Rio de Janeiro. Para a minha sorte, havia os R$ 1,10 na mochila. Bem, sem querer contar vantagem, havia até mais: R$ 2 (nada de assaltos ou inveja, por favor).
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O texto publicado na página 15 dizia que 2,9 milhões de clientes vão se beneficiar pela queda de 2,82% na cobrança da taxa de energia. Essa redução é possível graças à extinção da RTE, Recomposição Tarifária Extraordinária, nome elegante concedido à tarifa extra que as empresas passaram a cobrar na época do apagão, em 2001, como forma de compensar as perdas nas arrecadações.

Certo, mas vamos combinar que a redução não é lá das mais atrativas. Quebra um galho! Segundo a matéria, uma conta de R$ 50 vai custar R$ 48,59. OK, pelo menos dá para pagar o jornal de ontem.
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Ops, é isso mesmo? O último parágrafo informa que, ao contrário da empresa Light, a Ampla, fornecedora da minha região, decidiu manter a taxa até 2011?

PQP, quero o meu dinheiro de volta!

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Obs: pelo menos a grana valeu pelo conteúdo da página 7, que aborda... ih, preciso ir pois o PC está ligado por muito tempo... gasta uma energia!

sábado, 27 de junho de 2009

ESTRÉIA: Nossa Prosa


Olá, pessoal!!! Tudo ótimo?

Como eu disse, o Letras e Harmonia apresenta hoje uma novidade. É o "Nossa Prosa", um espaço reservado a entrevistas sempre interessantes ("onde está a modéstia, sr. Bruno?").

Para estrear, entrevistei o jornalista e professor universitário Eduardo Jorge de Oliveira, 40 anos, que está prestes a dar um novo passo na carreira: dia 18 de julho, ele lança pela editora Multitype o livro "A Francesa História do Brasil", em cerimônia realizada no Museu Imperial, em Petrópolis-RJ.

Formado há 19 anos pela Faculdade da Cidade, ele especializou-se em Jornalismo Cultural (2004) pela Universidade Estácio de Sá e fez mestrado em Ciência Política (2005) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Iniciou a carreira no jornal Tribuna de Petrópolis, tendo trabalhado ainda em veículos como na Revista Veja e nos jornais O Globo e O Dia.

Atualmente, o vascaíno Eduardo Jorge trabalha como professor nas universidades UniFOA e Estácio de Sá, onde chegou a ser coordenador de Comunicação Social do campus Petrópolis.
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Fique à vontade para acompanhar o papo:

Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Durante uma estadia na França. Conversando com várias pessoas e observando os cenários e práticas sociais, entendi que havia mais afinidades entre as nossas culturas do que se supunha. A pesquisa confirmou isso.

Franceses e brasileiros, no entanto, sabem muito pouco uns dos outros, embora haja diversos pontos em comum na história dos dois países - especialmente os franceses. Eles têm muito pouca informação sobre o Brasil e sobre a nossa história. Considero isso lamentável, porque a França teve um papel decisivo em vários momentos do nosso país.

Quais momentos o senhor destacaria?
Há um dado pouco avaliado no século XVI, por exemplo. Os portugueses colocaram o Brasil em segundo plano durante 30 anos e, "de repente", a partir de 1530, deram início à efetiva ocupação do território. Isso somente aconteceu devido à grande ameaça de perder o Brasil para os franceses.
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Todo o litoral do Nordeste, boa parte do Norte e até mesmo duas capitais (Rio e São Luís) surgiram como núcleos de ocupação exclusivamente devido à presença ou à possibilidade da presença francesa.
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Há outros exemplos curiosos, como a Inconfidência Mineira, tramada na França. Cinco anos depois, no Rio, a metrópole estabeleceu uma devassa sobre um grupo de letrados "apenas" porque eles debatiam princípios iluministas - e um deles chegou a ficar preso durante quatro anos porque tinha em casa um livro de (Jean-Jacques) Rousseau.
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A chamada Revolta dos Alfaiates, na Bahia, começou devido à esperança de que a França iria apoiar a Revolução. Mais tarde, em Pernambuco, os revolucionários de 1817 queriam trazer Napoleão Bonaparte para o Recife. Involuntariamente, Bonaparte já havia ajudado o Brasil quando determinou a fuga da família real, em 1808, o que alterou a balança do poder colonial. O fato é considerado o primeiro passo efetivo para a independência.
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Para terminar, no primeiro reinado, o modelo político, a constituição, os símbolos nacionais etc foram, em maior ou menor grau, definidos pelos modelos franceses. No segundo reinado, a maioria das instituições públicas e privadas, os modos de ser e agir das classes dominantes e campos do saber foram definidos pelo o que acontecia na França ou pelos franceses que se estabeleceram aqui. O processo prosseguiu na república.

O que há de mais interessante e curioso na histórica relação Brasil-França que os livros escolares não informam?
É difícil citar tudo o que inseri no livro, mas ressalto um ponto em particular. O nosso maior símbolo nacional, a bandeira, foi criada por um francês e modificada por outro, sempre obedecendo aos padrões estéticos franceses. É um exemplo, dentre vários, de como se manifestava esta influência.
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É coincidência o lançamento da obra logo no ano da França no Brasil?
Em parte, sim. Tudo começou com a idéia de produzir um artigo, há dois anos. Com a pesquisa concluída ano passado, constatei que o material era muito grande, renderia um livro. Ora, nada melhor do que escrevê-lo para lançá-lo no "Ano da França no Brasil".

Esse artigo chegou a ser publicado?
Não, tornou-se o próprio livro.
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Como foi realizada a pesquisa? Fale um pouco sobre as fontes.

Embora tenha conversado com muita gente, não reproduzi o resultado destes diálogos. Preferi as fontes documentais. Meus "entrevistados" são historiadores e, principalmente, testemunhas e contemporâneos dos eventos analisados. Não há qualquer segredo, todos eles estão publicados em livros e teses.

Como os contatos diretos com os franceses contribuíram para a elaboração da obra?
Quando eu falava a eles sobre personagens franceses na história do Brasil, eles em geral ficavam bem espantados, simplesmente ignoravam que seu país tivesse sido tão importante na construção da nossa cultura. Muitos sugeriram que eu escrevesse a respeito disso.
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Grande parte do olhar cosmopolita deles, muito daquilo que eles entendem sobre o mundo, tem a ver com suas antigas colônias, na Ásia e na África - e o Brasil acaba sendo uma grande incógnita. A rigor, aliás, "A Francesa História do Brasil" é um livro escrito para o mercado francês.

Como você pretende atingir esse mercado?
Embora não seja um especialista no assunto, observo que o mercado francês é muito receptivo a trabalhos que falam da sua história nacional. As vitrines das livrarias de Paris apresentam centenas de títulos a respeito de inúmeros aspectos da história francesa - o que pode não ser uma informação "científica", mas é um bom indício.
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A inserção dos franceses na história do Brasil, na ótica que proponho, é um tema bastante original para o mercado deles.
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Há uma meta estipulada, mesmo informalmente, para a obra atingir, como vender um determinado número de cópias?
Isso tem mais a ver com a receptividade. Estou otimista, acho que poderá ser uma leitura agradável para muita gente, mas qualquer "meta" seria, na verdade, um palpite.

Na Ciência Política, nós observamos uma intensa transferência do modelo político francês não só para o Brasil, como também para o mundo todo. Você não acha que as pessoas, embora vivam isso, deixam de saber as origens e interferências européias no cotidiano político, não necessariamente partidário?
Sem dúvida alguma. As origens das doutrinas políticas, geralmente, são ignoradas. Para agravar, alguns princípios fundamentais de algumas correntes são eventualmente deturpados.
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No Brasil, por exemplo, tais modelos vieram prontos. Devido à inconsistência de propostas locais, foram adaptados às realidades nativas e, muitas vezes, "degenerados" dos seus princípios originais. Ainda observando a história, vamos ter como resultado desta prática, por exemplo, o estabelecimento de uma monarquia constitucional que não foi tão constitucional assim; e uma república, cujas instituições foram estabelecidas não de acordo com as reais necessidades do país, mas apenas e tão somente porque era a realidade na França.
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Não havia ideologia nem compreensão ideológica, apenas o talento da imitação.
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O senhor acredita que atualmente a França ainda seja uma referência decisiva para o Brasil? Podemos dizer que há um país determinante que ocupe tal posição?
Entendo que desde meados do século XX o Brasil já encontrou o caminho de sua própria identidade. Ainda há, é claro, uma influência notável do que acontece no exterior, especialmente em termos culturais. Mas o "monopólio" de influência francesa já foi desmoronado- e é fato que desde o pós-guerra a mentalidade cultural brasileira anda mais inclinada para os Estados Unidos.

De toda forma, porém, neste mesmo período o Brasil e os brasileiros começaram a ver sua própria identidade como algo digno. No caso da arte, por exemplo, passou a considerar que a arte "popular" do Brasil era, sim, de qualidade. Daí é difícil dizer que haja, ainda nos dias de hoje, uma influência estrangeira decisiva, como foi a da França no passado.

"Aquela anedota de os estrangeiros acharem que o Brasil é a capital de Buenos Aires, ou que nas nossas ruas as cobras passeiam livremente, não está muito longe daquilo que os franceses em geral sabem sobre o Brasil", Eduardo Jorge de Oliveira.

Na sua opinião, nós brasileiros também deixamos as nossas marcas culturais lá na Europa, particularmente na França?
Acho que não. Para o francês médio, o Brasil é virtualmente desconhecido e quando, por algum motivo, atinge alguma evidência, ainda tem uma aura "exótica", como se fosse uma terra selvagem. Aquela anedota de os estrangeiros acharem que o Brasil é a capital de Buanos Aires, ou que nas nossas ruas as cobras passeiam livremente, não está muito longe daquilo que os franceses em geral sabem sobre o Brasil.

Há, é claro, iniciativas notáveis - desde a capoeira até grandes pesquisadores radicados na França. Mas não sei se o papel destes agentes é suficiente para que falemos de uma "marca cultural" brasileira na Europa.
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Como o senhor interpreta a cultura francesa? Ela lhe encanta?
As relações culturais são encantadoras independentemente da nacionalidade de quem interage. Não acho que uma cultura francesa seja particularmente encantadora, mas admirável, como são as culturas de outros povos. A rigor, porém, as manifestações culturais que mais despertam interesse vêm daqui mesmo, do Brasil. Afinal, é das nossas encantadoras mentalidades que estamos falando.

Pretende escrever outros livros abordando este tema ou mesmo assuntos variados?
A pretensão é eterna.
No momento, porém, prefiro manter as idéias reservadas.

Quais são os próximos planos na carreira?
Há outros projetos de livros-reportagem, mas ainda é cedo para falar deles.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Satisfação

Olá, pessoa!!!

Calma, eu não sumi não!!

Já volto, ok???

terça-feira, 16 de junho de 2009

Vem surpresa boa ae!

Olá, pessoal!! Tudo ótimo? Que bom!

Hoje venho aqui para anunciar que logo logo retorno com uma novidade no Letras, ok??

Abraços!!
Felicidades!!!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O companheiro e a companheira

Olá, pessoal!!!!

Bem, como não poderia deixar passar em branco o Dia dos Namorados, deixo uma crônica que publiquei ano passado no Comunique-se. Não foi possível produzir um texto novo por causa da correria pós-moderna, mas tenho certeza de que muita gente ainda não conhecia esse aqui.

Espero que gostem. Boa leitura!

Junho, mês dos namorados. Data oportuna para escrever um texto romântico e citar como exemplo de relacionamento duradouro alguma celebridade bastante conhecida. Esta crônica, no entanto, poderia ser confundida com mais uma daquelas que promovem a mídia da fofoca.Pensei, então, em comentar sobre o casal mais famoso da ciência: os físicos Pierre e Marie Curie. Talvez seja uma forma de tornar a ciência mais íntima do leitor, incentivando o conhecimento. O tema, porém, também não me apeteceu muito.

Horas depois, estava quase decidido a mudar o assunto e escrever sobre os mitos dos nativos de Madagascar (não pergunte o motivo). Foi nesse momento que me ocorreu a idéia de analisar o casamento mais comovente e sincero que conheço: o de Lula com a População.

No início, poucos acreditavam que o relacionamento daria certo. Alguns julgavam que eles não combinavam, outros criticavam a aparência do Lula. "Ele é muito feio pra ela", diziam.
Enganaram-se! Já são cinco anos e meio juntos, o suficiente para superar grandes dificuldades.

Lembro-me de 2005, exatamente em junho, quando o relacionamento entrou em crise. Acusaram o marido de, entre outras coisas, ser traidor. O casal não rompeu e no ano seguinte renovou o matrimônio. Quem hoje os vê assim, cheio de carícias, não sabe que o processo da conquista demorou, e muito!

Tudo começou em 1989. Sofrida pelos últimos relacionamentos, a População trocou de marido. Dois homens disputavam o coração da donzela magoada. Um deles era Fernando Collor, de uma tradicional família nordestina, boa aparência e que apresentava bons modos. O outro era o Lula, este sim sangue do Nordeste, humilde, simples, com baixa escolaridade e que mal sabia falar. A jovem escolheu o primeiro.

Tola População! Mais uma vez enganada! O bom moço abusou da honestidade, da sinceridade e da confiança da esposa. O casamento, que parecia ser duradouro, não passou de três anos, o último em crise profunda.

Era tudo o que o Lula queria para levar a moça para a cama, mas também não foi dessa vez. Após um caso com um senhor soteropolitano, mas de cultura mineira, excêntrico, famoso pelo topete e por gostar de Fusca, a População caiu nos braços de um outro Fernando. Este diferente. Poliglota, carinhoso, inteligente e sociólogo reconhecido em todo o mundo, Fernando Henrique Cardoso, homem fino da elite paulista, ganhou a confiança da calejada dama.

A lua-de-mel demorou bastante tempo, mas oito anos depois o amor estava desgastado. Não havia mais o respeito e a cumplicidade que formara tão bela parceria. Melhor para o Lula, que soube aproveitar a carência da População. Estão juntos desde 2003. Ela reclama um pouco que o marido viaja mais do que fica em casa. No fundo, isso acaba ajudando. Quando ele chega de viagem, só tem tempo para matar a saudade. Embora nenhum deles fale abertamente sobre sexo, comenta-se que o cabra da peste é bom de cama. Coitadinha da População!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sequestro emocional (parte 2- final)

De casa ao banco, Batista demorou 20 minutos, atrasou um pouco por causa de um congestionamento provocado por um leve acidente envolvendo uma moto e um ônibus. Sem problemas para ele. A sexta-feira era perfeita demais para ser conturbada por mais cinco ou dez minutos. Bem, vamos acrescentar outros nove minutinhos, tempo que durou para encontrar uma vaga próximo ao banco. Sem estresse. Sem estresse. A paz era tanta, que Dalai Lama ao lado do Batista pareceria um daqueles profissionais que trabalham nas bolsas de valores, falando, ouvindo, correndo, negociando, lendo, telefonando... tudo ao mesmo tempo.

Quando entrou na agência bancária, porém, se deparou com uma fila... uma fila gigante, que botava inveja em qualquer terminal de ônibus às 17h (ok,ok, exagero, mas de fato a fila não era muito animadora)! "P*@# ... riu, vou ficar aqui o dia inteiro!" Para agravar, dos cinco caixas, apenas um funcionava.

Um senhor gordo, desleixado, de cabelos brancos e cara de poucos amigos atendia aos clientes. Nem aí para o tempo. Com só este caixa aberto, idosos, gestantes e deficientes físicos, que tinham a preferência, retardavam ainda mais a fila da qual Batista era o último.

Parecia que brotavam idosos na porta do banco. "Será que todos marcaram encontro aqui hoje, meu Deus?" Havia de todos os tipos: baixos, altos, homens, mulheres, gordos magros, com e sem óculos, modernos, tradicionais, agitados, serenos, sozinhos, acompanhados e até quem se fazia de mais velho para passar à frente.

Pronto, a inquietação tomara conta do corpo do Batista! As mãos se mexiam a toda hora, coçavam o nariz, mexiam no cabelo, estalavam os dedos. Mãos no bolso. Mãos fora do bolso. Os pés não paravam de mover-se, quase obrigando-o a andar por toda a agência. E o olhar, então? Igualzinho. Finalmente o estresse se manifestava. Uma visita pra lá de indesejável.

Percebeu que ao lado de uma das câmeras de segurança, atrás do quinto caixa (vazio) havia um relógio digital: 14:36. A hora, porém, não mudava. Quebrado. Botou as mãos no bolso da calça para encontrar o celular. Sem bateria. A cada frustração, a cabeça ficava mais e mais quente. A raiva era alimentada. Os músculos do rosto contraídos e o suor na testa denunciavam a angústia. Uma imagem do cérebro mostraria a amígdala cortical, responsável pelas emoções, dominando o órgão. Tensão. Hipertensão.

A fila andava com uma lentidão impressionante, como jamais acontecera antes na vida dele. "Ninguém reclama! Será que só eu me incomodo com esse tratamento?", pensou quase em voz alta. O esforço foi ficando muito intenso e cansativo para segurar a explosão. Tinha tudo esquematizado na mente. Em poucos segundos daria um grito de indignação e partiria para cima do senhor no caixa: "quem é o incompetente gerente desta espelunca ineficiente que nos desrespeita?". Saindo dali, procuraria o Procon para registrar a queixa e logo depois entraria em contato com um advogado, não, um ótimo advogado para processar o banco. Pena, o dia acabara ali!

Um monte de imbecis na fila, inclusive o Batista, suportando aquelas condições. "Muito atrevimento!". A essa altura, Batista já ultrapassara a cor vermelha. Sentia-se desprezado, menosprezado, injustiçado, humanamente acabado. Uma pena mesmo!

Bastaria alguém dizer um "olá! Como vai?" para Batista estourar de vez. "Como estou? Péssimo, amigo. Há dias dentro dessa cápsula ridícula, capitalista que suga o nosso dinheiro e despreza a gente. Agora sabe como me sinto?". Felizmente, ninguém o cumprimentou.

De repente, uma voz suave e meiga, simpática e confortável veio lá de longe: "próximo". Soou como música clássica nos ouvidos do Batista. Olhou ao redor. "Não é possível, sou eu, sou eu o próximo!" Com um imenso sorriso no rosto, agora bem relaxado, caminhou, não, desfilou confiante e alegre até o convidativo caixa. De boca cheia, deu um "boa tarde" ao simpático e amigável senhor antes de lhe entregar o boleto. Parecia que o próprio Batista recebia o dinheiro, tamanha a felicidade. Recusou-se a receber os R$ 0,25 de troco. "Fique com a moeda, por favor".

Já não mais vermelho, saiu satisfeito do banco. Antes, reparou que o relógio ao lado da câmera funcionava normalmente. Eram 14:51. Atravessou a porta giratória e seguiu para casa... sem pensar em processo, advogado, fórum, reclamação, Procon. Nila, Arthur, Flor e Pingo eram o destino dele, feliz da vida naquela sexta-feira de Sol.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Série: ouvi por aí!

Três amigos adolescentes estudam para a prova de Português na biblioteca municipal. Uma amiga pergunta à outra:

- Você já está por dentro da reforma ortográfica? Ainda estou boiando.

- Li alguma coisa sobre isso. Não é tão assustadora assim! Por exemplo, somem os acentos nos ditongos abertos "ei" e "oi" das paroxítonas.

O rapaz que as acompanhava franziu a testa e, com uma expressão de perdido na Floresta Amazônica, questionou:

- Ótimo, agora só falta eu saber o que é paroxítona e ditongo aberto...

sábado, 6 de junho de 2009

As promessas

Muito provavelmente você não conheceu o Sósia (apelidado assim por causa da semelhança com o professor de Geografia), mas foi por pouco. Ele era um maestro, jogava futebol com uma facilidade que dava gosto de ver. Pés e bola dialogavam de uma maneira impressionante, íntima e natural. Eu era fã do Sósia. Durante as peladas nas aulas de Educação Física, todos queriam jogar ao lado dele.

Lembro quando o time do colégio perdia por 2 a 1 na final de uma competição de futsal da cidade. Faltando dois minutos, ele virou a partida. O segundo gol foi uma obra-prima, impossível de traduzir em texto. Mas, já adianto que ele driblou o time adversário inteiro antes de dar um sutil toque sobre o goleiro, deixando todos incrédulos e o goleiro com torcicolo. Uma pintura! O treinador deles ficou pasmo, indignado com o que presenciara. A nossa torcida vibrava de emoção. Genial!


Apesar do talento, Sósia jogou no máximo em clubes da cidade, futebol amador. Mas, era visto como uma promessa. Circulava um forte boato de que em algum momento, não muito distante, um olheiro do Flamengo ou de qualquer outro grande clube apareceria para levá-lo de vez. "É tudo questão de tempo". Justiça seria feita e o mundo se renderia ao Sósia, celebridade nas redondezas. Poderia ser diferente? O paparicavam mais do que poodle de madame solteira! O convidavam para festas, almoços. Chovia mulher na horta do camarada.


O tempo, porém, foi passando e o tal olheiro não dava sinal de vida. Atrasara-se o irresponsável? Sósia não se concretizou, não vestiu a camisa do Flamengo nem a da seleção brasileira. Ficou como jogador do futuro. O Maracanã jamais foi palco do espetáculo protagonizado por ele, um pecado. Como eu gostaria de estar na arquibancada numa final Fla-Flu em que Sósia garantisse
aos 47 minutos do segundo tempo o título para o Mengão!

Ele só teve uma chance. Nós estamos na segunda em algumas décadas. Nos anos 70, o milagre econômico colocava o Brasil no patamar de país do futuro. "É tudo questão de tempo". O tal tempo passou e mergulhamos numa depressão. Inflação. Desemprego. Instabilidade política... até chegarmos nos anos 2000.

Constantemente os jornais publicam declarações de feras da economia e da política apontando a força e a capacidade do Brasil. Novamente somos promessa, mas as possibilidades são melhores , mais claras hoje. Não é de graça que o presidente Barack Obama declarou: "Lula é o cara". Hugo Chávez não foi leviano ao dizer que o nosso presidente é um "magnata do petróleo", se referindo às descobertas nas camadas do pré-sal.


Parece que os acontecimentos conspiram a nosso favor. A Copa do Mundo de 2014, por exemplo, é uma prova da confiança que estamos conquistando. Acho até que o retorno do Ronaldo, do Fred e do Adriano ao Brasil está longe de ser mera coincidência. Faz parte do processo de valorização do contexto interno. É o alinhamento da Lua com o bum@*m brasileiro. Um eclipse inédito!

Tudo isso, no entanto, só nos coloca na posição de promessa de país do futuro. Falta caminhar um pouco (ok, muito) para atingirmos o nível de nação avançada e realmente decisiva no cenário internacional. Ou aproveitamos a oportunidade para vencer, ou seremos mais um Sósia. A vantagem do Brasil é que pode agir pelo próprio bem, pois de fato existe. Sósia, não!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Série: ouvi por aí!

Na fila do Banco do Brasil, um amigo vira para o outro:

- E esse negócio do Lula ganhar o terceiro mandato, hein!

- Não é a Dilma a candidata do PT?

- Sim, mas o Lula tem mais votos. Há um deputado de Sergipe louco para aprovar no Congresso mais uma reeleição.

- Sei...

- Talvez haja um plebiscito no fim do ano para ver se o povo apóia.

- Faz isso não, rapaz!

- Por que, você é contra?

- O plebiscito, sim. Se houver eleição, a Justiça Eleitoral me chama novamente para trabalhar domingo.



Já já a parte final do conto "Sequestro Emocional" e um crônica.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sequestro emocional (parte 1)

Que manhã! Sabe aquelas manhãs prazerosas? Não, você não está entendendo, prazerosas messsssmo. Que dão gosto de viver? Batista acordou assim, satisfeito naquela sexta-feira, de bem com o mundo. Um visível bom humor que se manifestava no rosto, no modo de andar, falar, comer, gesticular. Fora avisado na noite anterior de que receberia um bom aumento de salário, além de um considerável bônus extra pela produtividade do mês anterior. O setor de captação de alunos da universidade, gerenciado por Batista, ultrapassara em 23,2% a meta prevista para atrair novos estudantes-clientes, ou melhor, clientes-estudantes.

Para melhorar, Nila aguardava ansiosamente a chegada de gêmeos. Batista e a esposa queriam logo saber os sexos. Preferiam um casal. "Lucas e Gabriela", sugeria Nila. "Não, prefiro Arthur e Flor", argumentava Batista. Há três dias, ficavam nessa amistosa "discussão". Poderia haver momento melhor, mais feliz? Fala a verdade? Sim, poderia. Ele estava de folga nesta sexta-feira.

Ao acordar, foi recepcionado com uma deliciosa e farta bandeja de café da manhã: leite, variados sucos, vitaminas, pães, biscoitos, torradas, geléia, requeijão, frutas, queijos, presunto, ovos, iogurte e um pequeno envelope verde com dizeres românticos escritos à mão (até pensei em publicar aqui, mas preferi poupá-los. Era um tanto íntimo e cafona). Dentro, uma pequena e sincera carta com direito a todos aqueles sentimentalismos exagerados do casal apaixonado. Ô cafonice boa!

Depois do café, brincou pacientemente com o vira-lata Pingo no gramado, um cachorro que encontrara há dois anos abandonado próximo à casa dele. Desde então, Pingo cresceu e se fortaleceu de forma impressionante. Ninguém apostaria que o bichinho tivera um passado daqueles.

Batista parou um pouco para ler todas as colunas de opinião do O Globo e do Jornal do Brasil. Nem perdeu tempo para saber do que se tratavam as manchetes e notícias em geral. Fez muito bem. Era muito bem-estar para deixar se contaminar pela corrupção, acidentes, assaltos, crise, inflação e todas essas chatices cotidianas. Aliás, costumava pensar, o cotidiano é brega e tolo. De todos os textos, ficou bem interessado em um escrito por Fernando Veríssimo, que relacionava a curiosidade do homem à nossa inquietação.

Nila o chamou para almoçar, mas Batista preferiu deixar para mais tarde. Passaria no banco antes para pagar uma conta. Sem pressa alguma, claro! Já ouviu o refrão "deixa a vida me levar" cantado por Zeca Pagodinho? Pronto, o trecho traduzia exatamente a sexta-feira do Arlindo Batista! Deixou o EcoSport na garagem. Preferiu sair com o Fusca 74 azul todo original e conservadíssimo. A beleza foi um presente do tio, que o ensinou a dirigir. O pai era um homem muito ocupado com a mercearia, com a administração da casa e da família. Por volta de 10 anos de idade, Batista já dirigia como poucos, parecia um adulto experiente no assunto.

- Beijos, meu bem. Já já estou de volta. Prepare-se, porque quando eu voltar, vamos para... bem, depois lhe conto. Melhor guardar segredo.

Nila, ansiosa, já ia insistir, quando o marido sorriu e arrancou com o carro, despertando nela uma encantadora irritação, coisa que o sedutor fazia com muita habilidade.


(Continua...)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Noveleiro sim... e daí?


Como bom brasileiro, adoro novelas. Não, não digo novelas do tipo Caminho das Índias, Senhora do Destino, Revelação, Os Mutantes e Negócio da China. A que venho acompanhando chama-se CPI da Petrobrás, de autores diversos, transmitida o dia todo de segunda a domingo (!) pela emissora Senado. Mesmo sem direção ainda, o elenco é sensacional!

A história está nos primeiros capítulos, mas parece estar no clímax, próximo ao final. A guerra entre mocinho (governo) e bandido (oposição- ou seria o contrário?) dá à trama suspense, ação, aventura, emoção e vida. Demais mesmo! A cada episódio, estimulantes acontecimentos prendem a minha atenção. Não gosto de perder parte alguma, nadica de nada! Leio até revistas especializadas e assisto a programas que debatem as novelas, os possíveis desdobramentos, as alianças, os casamentos, as traições. Também busco conversar com amigos para tentar adivinhar cenas do próximo capítulo, mas quase nunca somos felizes... são tantas reviravoltas!

Interessante é que com 11 soldados compondo o exército, o mocinho não conseguiu garantir a nomeação do presidente e do relator da CPI, pelo menos até o momento em que escrevo a crônica, digo, artigo especializado sobre fofocas e novelas. Com apenas 3 soldados, os adversários, bravos, ferozes e ardentes por vitórias, ameaçam ocupar o cargo da presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito, através do general ACM Júnior, herdeiro de um nobre senhor. Haja garra e heroísmo!

Enquanto as tropas travam intensas lutas no campo de batalha, em Brasília, manifestações eclodem em outros territórios, como os protestos da Federação Única dos Petroleiros, no Rio de Janeiro. São contra a instalação da CPI, mas não há volta. Bom para os telespectadores, que acompanhamos mais alguns meses de muita diversão, até começar outra grande superprodução sucesso de audiência (a última que parou o país foi O Mensalão, há 4 anos- ô novelinha boa da conta!).

Particularmente, não sei para qual lado torcer. Por enquanto, analiso os discursos e assisto aos conflitos, às vezes cruéis e engraçados ao mesmo tempo. Rio até agora da cena em que o imperador Lula, o Grande, chamou de adolescentes certas atitudes do exército inimigo. Declarações deste tipo, na verdade, são constantes, porque as intrigas apimentam a história.

Bem, independente dos ataques, das estratégias de guerra, das armas e articulações, convenhamos, sabemos onde isso tudo vai terminar. Essa novela, embora muitíssimo bem escrita, não é nova. Senão, não estaria sendo transmitida no Vale a Pena Ver de Novo (?).
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Fonte da charge: Blog do Ique/JB.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Por precaução, calo-me

Escrever sobre política pode ser arriscado hoje em dia. Percebo que muita gente nem de longe quer ouvir falar sobre CPI, eleições, Medida Provisória, partidos políticos e nada parecido. Quem já não ouviu a (lamentável) frase “política não se discute”?

Vamos deixar de lado o fato de que discussão e política são como Zeca Pagodinho e cerveja, dinheiro e Silvio Santos, queijo e Minas Gerais, inseparáveis. O interessante (ou desinteressante) é que o clichê acusa o desgosto por uma ferramenta poderosa o suficiente para organizar e desorganizar toda a ordem do mundo, mexer profundamente nas nossas vidas.

O pior (ou melhor) é que o momento é propício para uma crônica sobre política. Movimento pelo impeachment da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, protestos em postos de gasolina contra a carga tributária, manifestação no Rio de Janeiro contra a CPI da Petrobrás, Brasília fervendo por causa desta CPI e da reputação da estatal petrolífera, fora as manobras para as eleições 2010 e a reforma política orquestrada no Congresso. E isso não é tudo, não mesmo!

Que vontade de expressar a minha opinião! Que vontade de dizer que condeno o financiamento público de campanha, para o qual cada cidadão – creio que só os eleitores- contribuiria com R$ 7 ou R$ 9 nos anos eleitorais! Ah, que vontade de escrever aqueles textos moralistas, estilo Jabor, começando com “na minha época a política era diferente” e terminando com “ e tenho dito”! Neste caso, mentiria, é verdade, mas e daí? Faria bem à crônica. E também a mim, talvez a você.

Com receio de que o leitor condenasse o texto um tanto monótono, repetitivo, careta, prefiro calar-me, não produzir uma crônica do tipo. Melhor guardar para mim a própria opinião, não externá-las, falar sobre outras coisas. Aliás, o que achou do desempenho do Barrichello na corrida de ontem?

sábado, 23 de maio de 2009

O otimismo e a crise



Há pouco, conversava com um amigo o quanto essa crise econômica é curiosamente confundida com uma sensação de otimismo. Uma atmosfera positiva de que estamos maduros o suficiente para enfrentar "marolinha", como disse o presidente Lula, ou mesmo ondas um pouco mais agitadas tomou conta, pelo menos, do Brasil.
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A faixa da foto está exposta em frente a uma unidade da empresa Mercedes. Há outras espalhadas pela cidade. Uma delas está num posto de gasolina. Vou tentar registrar e publico aqui no blog, ok?
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Abraçoss!!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Série: Ouvi por aí!

E olha que há quem não goste de ônibus!

- Você viu esse negócio da CPI da Petrobrás?

- Parace que vão privatizar, né? Não entendo o porquê, rapaz!

- Dizem que o Fernando Henrique (Cardoso) mandou.

- Eu, hein! Será que vão aumentar o preço do combustível?

- Vixi, a passagem já é cara... daqui a pouco ônibus vai ser transporte de rico!

Desci no ponto seguinte.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Por trás da cortina (parte final)

Além de conversar, dando os próprios pontos de vista, o senhor Amadeu sugeria grandes livros, artigos, enfim, o que pudesse sugerir para que o trabalho fosse conduzido da melhor forma. Dedicado, Caco procurava seguir os ensinamentos. Durante alguns fins de semana, aprendera como nunca. Conhecera novos autores, melhorara a escrita e a intelectualidade.
E a namorada do estudante?

Sentia-se preterida, um pouco afastada da vida de Caco. O relacionamento não andava às mil e uma maravilhas, mas ia... ia. Para fazer uma média, Caco passou a ligar mais vezes, e a marcar programas durante a semana, mas nada que a fizesse sentir-se valorizada. Erika estava descontente. Ele nem ligava muito. Estava focado nos estudos e na gama de conhecimento e sabedoria acumulados pelo professor. Ele sabia conversar sobre tudo. "Uma enciclopédia humana o senhor".

Formado em Comunicação e em Geologia, o professor cursara, ainda, especialização em Geografia e Turismo, mestrado e doutorado também em Comunicação. É autor do livro: "Brasil-nação: autonomia política e bem-estar humano". Apesar de tudo, o senhor Amadeu costumava dizer que a maior riqueza de conhecimentos vinha do autodidatismo: "Assim, sigo a minha própria intuição, sem o rigor da academia".

Após alguns meses, a monografia do Caco estava praticamente concluída. Faltava um detalhe ou outro, mas nada que comprometesse o trabalho, realmente bem elaborado, fruto de bastante esforço, dedicação e gosto pela tarefa.

- Acho que é isso, filho. Enfim, terminamos. Acho que você vai se sair muito bem quando for apresentar a monografia.


- Obrigado, professor! - Caco permaneceu em silêncio durante uns cinco curiosos segundos, até dizer- Antes de conhecer melhor o senhor, tinha uma imagem distorcida. Achava o senhor muito careta, sério, que não sorria, não brincava...

O senhor Amadeu sorriu, pôs a mão direita no ombro do rapaz e olhou profundamente no olho dele antes de emendar:

- Na vida, você ainda vai ter inúmeras surpresas como esta. Por trás daquela cortina na faculdade, há um espetáculo que pode ser muito interessante. Faz parte da vida.

Com expressão de admiração, Caco ouvia atentamente.

- O mesmo acontece entre você e a sua namorada. Vocês vivem em atrito. Se tiverem um pouco mais de paciência e compreensão, conseguirão avançar e perceber além da cortina, que esconde todo um mundo a ser explorado. Pense nisso.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Por trás da cortina (parte 2)

A casa do professor Arthur Amadeu ficava em torno de 20 a 25 minutos de onde morava Caco. Às 13h este já estava pronto para ir ao encontro. Assim que ligou o carro, porém, o celular tocou. Era Flor. “ Putzzzzz, esqueci completamente!”. Ele havia marcado com a namorada de assistir a um filme no shopping às 12h50.

Caco atendeu à ligação e... ouviu, ouviu, ouviu... Flor mostrava-se realmente irritada com a falha do namorado. Havia preparado-se toda, programado-se, mas Caco deu a mínima. Empolgado com a possibilidade de aprender muito com o senhor Amadeu, o rapaz acabou esquecendo o filme, a namorada. Tudo. Permaneceram por uns 10 minutos discutindo. Xingamentos, palavras e frases grosseiras, acusações...

Na verdade, essa explosão já vinha sendo anunciada há algum tempo. Desde que se conheceram, há dois meses e meio, discutiam bastante. Gostavam mesmo um do outro, mas a freqüência dos atritos enfraquecia o relacionamento. Houve uma semana em que chegaram a se separar duas vezes. Terça-feira à tarde, eles terminaram. Voltaram quarta às 11h30. Separaram novamente quinta à noite e reataram sábado pela manhã. O namoro vivia de altos e baixos, como um, veja só, ioiô e uma gangorra.

O fato é que Caco seguiu para estudar. Resolveria mais essa picuinha mais tarde, numa outra oportunidade. Ao chegar, foi recebido por uma figura menos séria e mais receptiva do que costumava ser na universidade, embora ainda com aquele ar sisudo de intelectual conservador. No apartamento, livros espalhados por todos os lados, formando, inclusive, pilhas que serviam como estrutura de sustenção da mesa. Centenas de livros. “Do Contrato Social”. Este era o livro que o senhor Amadeu segurava quando fora recepcionar o rapaz.

- Que agradável surpresa, meu caro! Não imaginava que realmente viria. Muitos dos meus alunos apenas falam, marcam, mas não comparecem. Mas, vamos, vamos ao que importa. Entre, por favor. Estava trabalhando um livro que pretendo lançar ano que vem. É sobre o que há de política atualmente na sociedade, como acontece a prática política e também o conteúdo educacional transmitido nos colégios do ensino médio.

- Nossa! Bem legal. Fale mais sobre esse projeto.

Professor e aluno sentaram no sofá da sala e conversaram durante horas sem perceber que o tempo passava. Nem lembravam a existência desta dimensão. Começaram falando a respeito do livro que vinha sendo elaborado, passaram para pesquisa em geral na faculdade e, claro, traçaram linhas e estratégias de estudo para a monografia do Caco. O tema? As transformações sociais geradas pela chamada Sociedade da Informação e como a nova dinâmica afeta as tradições.

Esse foi apenas o primeiro de uma série de encontros, nos quais Caco percebera um outro lado daquele professor sério, anti-social. Ele também era humano, simpático e divertido. Fazia piadas, dava gargalhadas e conversava a respeito de outros assuntos que não fossem acadêmicos: futebol, mulher, música, viagem...

Aos poucos, foram percebendo que já eram amigos, que a relação não mais limitava-se à sala de aula. Havia sido expandida. Do apartamento do professor, ambos passaram a tomar cerveja no botequim da esquina, no Bar do Milton, uma figura característica do bairro, botafoguense roxo, digo, alvinegro... de coração mesmo, daqueles que nem abrem o bar segunda-feira após o time perder um clássico.

O senhor Amadeu tornou-se botafoguense por influência do Milton. Quando deixou o Chile para morar no Brasil, conhecia mais o Flamengo, time pelo qual tinha uma queda, mas no ano em que chegou ao país, o Botafogo faturou sobre o Santos o título brasileiro. Durante quase um mês, Milton promoveu festas no bar, o que acabou contagiando o professor.

Por outro lado, Caco era flamenguista, mas daqueles torcedores que mal sabiam o nome do técnico da equipe.

Foi nesse clima de futebol, porém, que a monografia começou a se desenvolver.
(continua...)