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sábado, 6 de junho de 2009

As promessas

Muito provavelmente você não conheceu o Sósia (apelidado assim por causa da semelhança com o professor de Geografia), mas foi por pouco. Ele era um maestro, jogava futebol com uma facilidade que dava gosto de ver. Pés e bola dialogavam de uma maneira impressionante, íntima e natural. Eu era fã do Sósia. Durante as peladas nas aulas de Educação Física, todos queriam jogar ao lado dele.

Lembro quando o time do colégio perdia por 2 a 1 na final de uma competição de futsal da cidade. Faltando dois minutos, ele virou a partida. O segundo gol foi uma obra-prima, impossível de traduzir em texto. Mas, já adianto que ele driblou o time adversário inteiro antes de dar um sutil toque sobre o goleiro, deixando todos incrédulos e o goleiro com torcicolo. Uma pintura! O treinador deles ficou pasmo, indignado com o que presenciara. A nossa torcida vibrava de emoção. Genial!


Apesar do talento, Sósia jogou no máximo em clubes da cidade, futebol amador. Mas, era visto como uma promessa. Circulava um forte boato de que em algum momento, não muito distante, um olheiro do Flamengo ou de qualquer outro grande clube apareceria para levá-lo de vez. "É tudo questão de tempo". Justiça seria feita e o mundo se renderia ao Sósia, celebridade nas redondezas. Poderia ser diferente? O paparicavam mais do que poodle de madame solteira! O convidavam para festas, almoços. Chovia mulher na horta do camarada.


O tempo, porém, foi passando e o tal olheiro não dava sinal de vida. Atrasara-se o irresponsável? Sósia não se concretizou, não vestiu a camisa do Flamengo nem a da seleção brasileira. Ficou como jogador do futuro. O Maracanã jamais foi palco do espetáculo protagonizado por ele, um pecado. Como eu gostaria de estar na arquibancada numa final Fla-Flu em que Sósia garantisse
aos 47 minutos do segundo tempo o título para o Mengão!

Ele só teve uma chance. Nós estamos na segunda em algumas décadas. Nos anos 70, o milagre econômico colocava o Brasil no patamar de país do futuro. "É tudo questão de tempo". O tal tempo passou e mergulhamos numa depressão. Inflação. Desemprego. Instabilidade política... até chegarmos nos anos 2000.

Constantemente os jornais publicam declarações de feras da economia e da política apontando a força e a capacidade do Brasil. Novamente somos promessa, mas as possibilidades são melhores , mais claras hoje. Não é de graça que o presidente Barack Obama declarou: "Lula é o cara". Hugo Chávez não foi leviano ao dizer que o nosso presidente é um "magnata do petróleo", se referindo às descobertas nas camadas do pré-sal.


Parece que os acontecimentos conspiram a nosso favor. A Copa do Mundo de 2014, por exemplo, é uma prova da confiança que estamos conquistando. Acho até que o retorno do Ronaldo, do Fred e do Adriano ao Brasil está longe de ser mera coincidência. Faz parte do processo de valorização do contexto interno. É o alinhamento da Lua com o bum@*m brasileiro. Um eclipse inédito!

Tudo isso, no entanto, só nos coloca na posição de promessa de país do futuro. Falta caminhar um pouco (ok, muito) para atingirmos o nível de nação avançada e realmente decisiva no cenário internacional. Ou aproveitamos a oportunidade para vencer, ou seremos mais um Sósia. A vantagem do Brasil é que pode agir pelo próprio bem, pois de fato existe. Sósia, não!

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