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sábado, 29 de novembro de 2008
Nota
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Homens de gabinete
Disso, não há dúvida, mas pode ser que só a leitura não seja o suficiente para viver, para saber se virar e aprender. Após anos e anos de muito estudo, René Descartes descobriu que a vida é feita de mais do que centenas de páginas coladas umas nas outras protegidas por capa. Ele preferiu a experiência, um outro tipo de contato com a vida. E condenou o que chamou de homens de gabinete, os que dedicavam-se intensamente aos afazeres teóricos. Descartes largou uma vida de estudos para andar, viajar, conhecer de outro ângulo, sem filtros (que seriam os livros).
Melhor do que ler histórias de aventureiros pelo mundo, é conhecer os lugares por onde eles passam. É comer alimentos típicos de cada lugar; é conversar pessoalmente com os nativos, aprender, mas também ensinar. Melhor do que ver fotos do Pantanal e ler sobre, é estar lá. Ver de perto cada animal, comer frutos da região, pular nos rios, respirar o ar fabricado ali, por máquinas divinas, belas, benéficas e perfeitas.
Um intelectual acostumado com ternos, gravatas, salas bem equipadas e linguajar rebuscado, torna-se um patinho quando sai da cápsula. Não sabe subir numa árvore para pegar jabuticaba, nem comer manga sem talheres especializados, muito menos passar despercebido, o que é muito natural.
Isso não se resume aos intelectuais, mas estende-se aos grandes homens de negócio. Passam o dia preocupados com as bolsas de valores, com a cotação do dólar, em ampliar e aplicar os lucros, além de conquistar apoio no Congresso. Pobre rico, mal consegue apreciar e se emocionar com uma simples poesia do Drummond.
Amigos, só para aproveitar a deixa, publico uma poesia do Drummond:
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
quem, eu?
Poucos sabem, pois disfarço. Escondo os CD’s e faço aquela cara de nojo quando o Teodoro e Sampaio estão na TV. "Será que não podiam levar o Raimundos não, pô? Eu gosto mesmo é de pauleira". Com essa frase padrão eu tenho conseguido eliminar qualquer suspeita sobre mim.
Pouco mais de um mês para o início de mais uma edição do BBB (se não me engano a edição de número 9), a imprensa já começa a falar, especular. Muito espaço da mídia será dedicado ao passado, presente e futuro dos participantes. Vários debates.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Blogosfera
Gostaria de recomendar a compra da revista Época desta semana. A matéria de capa fala sobre blogs e divulga 80 dos mais lidos do país e do mundo ( o Letras e Harmonia não está lá- que maldade!).
Eis alguns deles:
Ah! TriNé! :
ahtrine.com.br
Blog do Alon:
blogdoalon.com.br
Blog do Noblat:
oglobo.globo.com/pais/noblat
Brogui:
http://www.brogui.com/
Contraditorium:
http://www.contraditorium.com/
Paulo Coelho:
www.g1.com/paulocoelho
Marcelo Tas:
marcelotas.blog.uol.com.br
Manual do cafageste:
http://www.manualdocafageste.com/
Letras e Harmonia:
letraseharmonia.blogspot.com (este é por minha conta, só para reparar o equívoco).
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Viva a bicicleta
Sem dúvida o carro é muito, muito importante, mas em vários casos ele é utilizado sem necessidade. Apenas como comodidade e afirmação de uma identidade irrelevante. É aí que começa o problema, porque causa um inchaço terrível nas grandes e médias cidades. Em São Paulo, quem não tem helicóptero (deve ser a maioria) precisa sair de casa com duas, três horas de antecedência para chegar ao local do compromisso na hora certa. O estresse já começa de manhã. Ruim, né?
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Sutil distorção
Quantos e quais foram os candidatos à presidência dos Estados Unidos? Barack Obama e John MacCain? Não. Ao todo 21 candidaturas concorreram à Casa Branca, mas nós só conhecíamos os dois nomes citados acima. Isso porque a imprensa esqueceu de fazer uma cobertura mais ampla e fiel das eleições. Clique aqui saber quem foram todos os candidatos e os eventuais respectivos vices.
domingo, 9 de novembro de 2008
A boa de hoje? Política.
Quem deve participar das discussões sociais, cobrar as autoridades, que apesar da arrogância, são funcionários nossos, e exigir políticas públicas adequadas? Todos, mas principalmente a juventude, pela nossa essência contestadora. Se a gente delega a qualquer um (e agimos muito assim) a tarefa de fazer política, cometemos um erro muito grave. Entregamos a vida coletiva a quem não merece administrá-la.
Antes de vivermos essa crise financeira mundial, vivemos uma crise humanitária também global, em que o respeito é mais mito do que Papai Noel. Há poucos dias publiquei aqui uma declaração do sóbrio escritor José Saramago. Para ele, o altíssimo volume de dinheiro público (público sim) liberado pelo Estado para salvar bancos não sairia do cofre caso o destino fosse salvar vidas. E não sairia mesmo, como não sai.
"Aí veio o discurso do Obama, eles colocaram som nas TVs, todo mundo no (antes) barulhento bar parou para ouvir. O restaurante estava cheio, alguns ficaram de pé e foram ouvir de perto. Dentro do lugar, comoção geral, um momento histórico para a nação; lá fora, carros buzinando na rua como se fosse dia de jogo de futebol!"
Mas como diz o poeta espanhol Antônio Machado, o caminho se faz caminhado. Barack Obama tem um cardápio de desafios na mesa dele. Ele terá prioridades e precisa desde já saber como encontrar soluções. Quem elegeu Obama foi a população estadunidense, mas o mundo sente que está sob tutela dele (não vejo isso com bons olhos).
Em 2002, quando o presidente Lula venceu e eleição para presidente, uma nuvem de esperança e otimismo parou no Brasil. Logo no início do mandato, ele lançou o Programa Fome Zero e declarou que estaria satisfeito se nenhum brasileiro passasse fome quando deixasse o Palácio do Planalto. Lula vai completar o ciclo de oito anos e muita gente estará ainda em situação ruim.
Certamente Obama também deixará a desejar em muitas questões, porque não é fácil agradar a todos que aguardam uma resposta positiva dele. Há problemas externos, como o relacionamento com a Rússia e com o Irã, além da guerra do Iraque. Há a crise financeira. Há a Rodada de Doha, que não tem saideira. Além disso, há os problemas internos, os mais importantes da agenda, com certeza. Ele é norte-americano, como declarou. Foi eleito presidente dos Estados Unidos e não do mundo inteiro. A função primeira de Obama é recuperar o Tio Sam.
Tanto Obama quanto Lula são incapazes de realizar sozinhos qualquer política Eles são como pontos de referência, mas a sociedade também precisa fazer a parte dela, não apenas lançar as responsabilidades sobre o colo das autoridades. Não se faz política apenas através de cargo eletivo e sendo funcionário do governo. Talvez a parte mais superficial de participação política seja a eleição, porque se inexiste estrutura e modelos confiáveis, transparentes e de credibilidade, pessoas incompetentes e predadoras serão candidatos e eleitos por outras despreocupadas.
Mercado x Estado? Não, Mercado + Estado = bem-estar e progresso
sábado, 8 de novembro de 2008
Haicai não é de comer
Conversando ontem com uma amiga da faculdade, ela revelou o tema da monografia dela: uma associação entre o haicai e o discurso publicitário.
Em vez de fazer aquela cara de entendido e sábio, preferi assumir a ignorância e perguntar o significado do raio do harcai. Ela explicou que é um tipo bem específico de poema japonês, que se espalhou pelo mundo inteiro, inclusive pelo Brasil. A estrutura é muito curta, com versos mínimos, mas que revelam uma sutileza e uma capacidade de observação privilegiada dos autores.
Ela mandou para mim alguns dos poemas inseridos na monografia, que ainda está em andamento, mas na fase final. Decidi compartilhar com vocês:
"furu ike ya / kawazu tobikomu / mizu no oto"
(Matsuo Basho)
Literalmente tem-se a tradução: o lago antigo, o som da água da rã mergulhando.
"Imersa em neblina
A cidade se reveste
De um tom de nostalgia"
(Delores Pires)
"Procurando pouso
Na rua movimentada
Borboleta aflita"
(Edson Kenji Iura).
"Sutis vaga-lumes
Acendem suas luzes
Baile na floresta"
(Olinda Marques de Azevedo).
"Hoje à noite
Até as estrelas
Cheiram a flor de laranjeira"
(Paulo Leminski).
"Duas folhas na sandália
O outono
Também quer andar"
(Paulo Leminski).
"- O senhor cultiva
Epigramas?
- Não, só a grama de meu jardim"
(Carlos Drummond de Andrade).
"Com pó e mistério
A mulher ao espelho
Retoca o adultério"
(Millôr Fernandes).
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Paraíso discreto
Um presente dos céus para Minas foi a ausência de praia, o que desestimula muita gente a visitar o estado. O Rio tem se tornado um caos, assim como algumas cidades do interior do estado. Salvador é destaque na mídia quase todos os dias, da mesma forma que outras lindíssimas cidades onde há praia e por onde ainda não passei, mas desejo, inclusive, por força da imprensa.
Eu digo o segredo de lá: a simplicidade, as relações honestas e a proximidade com a pureza humana, que se perde em lugares muito "desenvolvidos", como São Paulo e Nova Iorque, onde todos querem visitar porque é "maneiro".
Uma coisa, porém, me preocupa. Minas Gerais corre risco. A expansão impositiva do "desenvolvimento" está chegando lá. A indústrias se aproximam e cercam o estado. Com as fábricas, podem chegar também a poluição ambiental, visual, humana, enfim, todo o tipo de dano à saúde e à felicidade. Os laços familiares tendem a se romper em benefício da globalização, da expansão, que condena peremptoriamente o local. A moda é viver o longe, é visitar Paris e os Estados Unidos, porque há muita luz, movimentação, porque há boates de última geração.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Barack Menezes
O fato é que a festa da mídia espetacular e das nações esperançosas (não apenas do povo norte-americano, mas de todo o mundo) vai chegar ao fim. No dia seguinte vem a ressaca e a cobrança das promessas, vem a pergunta a respeito do slogan "yes, we can": but how?
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Saindo do forno
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Momento piada
Afinal, já tinham passado 40 anos de 'melhorias' e as pessoas ainda estavam com sapatos rasgados e maltratados nos pés.
Fidel, indignado, respondeu com uma pergunta:
- E na Rússia, não é a mesma coisa? Vai me dizer que lá toda a gente tem sapatos novos?
Putin disse a Fidel que fosse à Rússia para conferir e que se ele encontrasse um cidadão qualquer com sapatos furados, tinha a permissão para matar o cara.
Fidel mesmo bastante doente, apanhou um avião e foi para Moscou. Quando desembarcou, a primeira pessoa que veio falar com ele, estava com sapatos rasgados e tão furados que pareciam ter pertencido ao seu avô.
Não vacilou.
Tirou a pistola e matou o sujeito. Afinal tinha permissão do seu colega Putin para o fazer...No dia seguinte os jornais anunciaram:
'BARBUDO MALUCO MATA O EMBAIXADOR DE CUBA NO AEROPORTO'."
sábado, 1 de novembro de 2008
Das laranjas
O texto abaixo é do Paulo Coelho (achei pertinente ao momento):
Diante dos problemas que afetam o Brasil, é bom lembrar uma história anônima, recolhida por Neuci Diniz.
Um homem vendia laranjas no meio de uma estrada. Era analfabeto, de modo que nunca lia jornais. Colocava pelo caminho alguns cartazes, e passava o dia apregoando a doçura de suas laranjas.
Todos compravam e o homem progrediu. Com o dinheiro, colocou mais cartazes e passou a vender outras frutas. O negócio ia de vento em popa quando, um belo dia, seu filho - que era culto e havia estudado numa grande cidade - procurou-o:
“Papai, você não sabe que os tempos estão difíceis?” disse o filho. “A economia do país anda péssima!”
Preocupado, o homem reduziu o número de cartazes e diminuiu as encomendas de frutas. As vendas despencaram imediatamente.
“Meu filho tem razão”, pensou ele. “Os tempos estão difíceis”.
Projeto desestimula aproximação dos estudantes à cultura
Você deixa de lado a barreira dos poucos recursos financeiros, pede um generoso empréstimo ao pai, à mãe, à avó, à tia, ao tio, que lhe dão uns trocados e garantem o programa do dia. Ah, não pode esquecer a carteira de estudante, para pagar meia-entrada e tomar um lanchinho camarada no McDonald´s no final da sessão.
A situação acima pode ser comum caso seja aprovado um projeto do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). A matéria, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado , quer pôr fim à meia-entrada para estudantes e idosos que forem ao cinema nas datas descritas no parágrafo anterior. Para outros eventos, como shows do Agnaldo Timóteo, a medida valeria entre a quinta-feira e o sábado.
Caso você não concorde com o projeto, não faça cerimônia. Mande e-mail para o nobre senador Azeredo (eduardo.azeredo@senador.gov.br) e ligue para o Senado (0800 61 22 11). Ou você vai aceitar pagar entrada-inteira para o show do Agnaldo Timóteo?