"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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sábado, 8 de novembro de 2008

Haicai não é de comer


Conversando ontem com uma amiga da faculdade, ela revelou o tema da monografia dela: uma associação entre o haicai e o discurso publicitário.

Em vez de fazer aquela cara de entendido e sábio, preferi assumir a ignorância e perguntar o significado do raio do harcai. Ela explicou que é um tipo bem específico de poema japonês, que se espalhou pelo mundo inteiro, inclusive pelo Brasil. A estrutura é muito curta, com versos mínimos, mas que revelam uma sutileza e uma capacidade de observação privilegiada dos autores.

Ela mandou para mim alguns dos poemas inseridos na monografia, que ainda está em andamento, mas na fase final. Decidi compartilhar com vocês:

"furu ike ya / kawazu tobikomu / mizu no oto"
(Matsuo Basho)
Literalmente tem-se a tradução: o lago antigo, o som da água da rã mergulhando.

"Imersa em neblina
A cidade se reveste
De um tom de nostalgia
"
(Delores Pires)

"Procurando pouso
Na rua movimentada
Borboleta aflita
"
(Edson Kenji Iura).

"Sutis vaga-lumes
Acendem suas luzes
Baile na floresta
"
(Olinda Marques de Azevedo).

"Hoje à noite
Até as estrelas
Cheiram a flor de laranjeira
"
(Paulo Leminski).

"Duas folhas na sandália
O outono
Também quer andar
"
(Paulo Leminski).

"- O senhor cultiva
Epigramas?
- Não, só a grama de meu jardim
"
(Carlos Drummond de Andrade).

"Com pó e mistério
A mulher ao espelho
Retoca o adultério
"
(Millôr Fernandes).

2 comentários:

Janaina Linhares disse...

Gostei! Vamos continuar divulgando o haicai por aí. Bjs.
Janaina

Unknown disse...

Agora quando falarem em HAICAI comigo eu vou poder fazer a cara de entendido e sábio que o Bruno não pode fazer,rsrsrs.