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sábado, 28 de fevereiro de 2009
Passatempo
O que escrever. O que escrever?
Escrevo o que sinto,
Às vezes o que não vivo.
Escrevo para viver.
Vivo também para escrever.
Pensar... pensar, uma consequência do ser (humano) vivo.
“Penso, logo existo”.
Escrever, uma consequência do pensar.
Escrevo, logo penso, logo vivo.
Me ponho no ônibus a escrever
O que sinto. (Existo).
Nobre senhor
Impõe o que é: culto. Aceito.
O dedo em riste, olhar soberano,
Conversas complexas, roupas propícias.
Belo charuto cubano. E que vinho!
Percebo, és culto.
Transmite a nós, nobre senhor. Percebes?
Congratulações.
Que graça (!), és culto.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Amanhã
Corre, corre, vida hoje,
Porque o passado já se fez.
Futuro sempre futuro, recheio da mente humana.
Humano inseguro, corre, corre
Para garantir o futuro.
Recompensa
Anos em busca de paz,
De uma vida a mais.
Vida mais livre, de existência plena.
Intensa. Harmonia como recompensa.
Anos de um caminhar definido a cada passo,
Que descobre o chão macio (relaxante), ou não.
Exercício de um pensar profundo, dedicação,
Esforço e reflexão. Eis o percurso.
O relógio! ah, o relógio da escravidão!
O ponteiro aponta e exige obediência. Desmoralizado!
A proximidade com a verdade adota tempo singular.
Permite passarinhar. Permitir-se. Bela vista do alto.
Harmonia como recompensa.
Sereno autor
Pode incomodar muita gente que ali mora,
Mas não inquieta o sereno leitor
Debaixo do pé de amora,
Árvore-refúgio do também criativo autor.
Ele pretende elaborar uma poesia
Complexa e difícil, com palavras incomuns.
Uma poesia para ser lida por intelectuais,
Pelo ser sábio, pela pessoa entendida.
Passam-se horas e o sereno autor
Desagrada a própria natureza,
Desconsidera a própria raíz, até compreender
Que uma simples poesia, talvez tola,
Também guarda uma essência de valor.
A chuva dá sinais de que vai parar.
A poesia deixa entender que vai sair.
O serno autor escreve por prazer, por lazer,
Sem tentar transmitir uma mensagem
Que ninguém vai entender.
A poesia que chega é comunicável.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Sorriso maioral
Bebe cerveja marginal e ouve música marginal.
É assim hoje e amanhã. Foi ontem à tarde e de manhã.
É à noite assim. Como pode ser o que é?
O pior é que o marginal, que veste roupas marginais,
Só anda com sorriso maioral, de gente sagaz.
É assim hoje e amanhã. Foi ontem à tarde e de manhã.
É à noite. Como pode ser?
Ele sorri e não se preocupa em ofender.
Que ofensa! Ofensa bruta!
Escuta, tire daquele rosto o sorriso imposto,
Que ao burguês dá desgosto. Tire já,
Para o doutor não reclamar. Tire porque ele é bravo.
No boteco da esquina, o marginal pensa que é rei.
No contexto dele, é sim, eu sei. O doutor também,
Só não gosta de dividir o império com alguém.
Tire daquele rosto o sorriso imposto.
Tire já.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Poesia
Poesia com certeza.
Relacionamento, acabamento, beleza.
Claro, poesia com certeza.
Vaso sem planta, música desconforme,
Poeira da estrada, gente calada?
Também poesia.
Poesia também: sabedoria e desconhecimento,
Fuga e prisão, insensibilidade e delicadeza,
Almoço sobre a mesa, ainda cadeiras vazias,
Pratos cheios, barrigas vazias e cheias...
De poesia também.
Oceano verde
Sequer há o cheiro da maresia.
Como posso, então, respirar
A essência de um azul peculiar?
Estou no centro de um oceano verde,
Ondas estáticas, onde também se pode surfar.
Permaneço na areia daqui. Acompanho a nuvem surgir.
Ela risca o céu e ameaça o calor, o Sol imperador.
O alto está livre da poluição,
Da faixa do avião, que não pede licença. Mal-educada!
Ela invade a morosidade, interrompe a preguiça. Incivil!
Sobre este mar não há avião, nem faixa no alto.
Pensei que nestas montanhas mar não havia.
Há sim. Quem imaginaria?
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Soneto da eleição
Encontrei um prazer no meio daquela loucura.
Encontrei o charme da literatura.
Foi ela a verdadeira resistente, cercada por uma gente
Despreocupada, carente.
A rua movimentada como nunca.
Gritos, carros, alto-falante, gestos, santinhos, gritos.
Havia de tudo circulando. Caos semi-organizado.
No meio daquela loucura, encontrei a literatura.
Não encontrei, "bem-dizer", como dizia um amigo de infância.
A descobri, pois ela já estava junto de mim.
E o meu dever enquanto cidadão?
Ignorei a eleição. Sentei no banco da praça,
Abri o livro do Drummond. Desliguei-me do caos.
No meio daquela loucura, descobri o charme da literatura.
Teimosia
Teimosa. Teimosa demais.
Há duas horas e meia a espero ansioso.
Insisto, mas deixo de lado (por enquanto).
Teimosa. Sim, teimosa.
Risco folhas da agenda antiga. E do bloco novo.
Leio poemas do dinossauro Carlos.
Me alimento, mas ela é teimosa. Como é!
Teimoso também sou.
Está cá dentro brincando.
Avisou, porém, que já está chegando.
Luzes para ela.
Tapete vermelho para quem foi sincera.
Um pouquinho depois, aqui está ela:
A poesia sem a sua teimosia.
Luzes para ela.
O vento e a crise
Desconheço a terra do leitor,
Mas a terra aqui está agitada por ventos de lá.
Só falam em crise, agora. Crise financeira.
Deu no jornal: "gente de ouro"
Teme ficar sem luxo, como já fica "gente de plástico".
Comentam que os ventos estão mesmo nervosos,
Dispensam calmantes.
Eu dispenso os ventos de lá. Moro aqui.
Respiro o ar daqui. Ar gostoso que falta lá.
A gente daqui não sabe muito bem o que é luxo,
Como sabe a gente de lá. Inexiste crise nessa terra...
Ou sempre existiu?