"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Un país salvage

Estava ontem à tarde no ônibus (os três carros e as duas motos estavam com defeito), quando percebi a indignação de um casal que conversava logo ao meu lado. Comentavam a respeito do famoso estereótipo brasileiro na ótica dos gringos. “E pensam que a gente fala espanhol; que há jacarés circulando pelas ruas; que Buenos Aires é a capital do Brasil; que...” que... que...

Durantes uns 20 minutos o casal discutiu sobre o assunto. Atacavam os estrangeiros. “Mas quando estão de férias, viajam para onde?”. Particularmente, já ouvi algumas e algumas vezes debates sobre o nosso país-selvagem (e também sobre a nossa língua: o espanhol). Apostaria dois Galaks e um Prestígio que o leitor também já presenciou (ou mesmo fez parte) de conversas do tipo.

Um caso clássico é o episódio Blame it on Lisa, dos Simpsons, exibido pela Fox em 2002. No Rio de janeiro, a família protagonista era atacada por macacados em Copacabana e jibóia no Pão de Açúcar, entre tantas cenas semelhantes. O resultado, todos sabem: grande polêmica ao redor do suposto preconceito.

De fato, a relação entre o urbano e o selvagem no Brasil não é tão íntima o quanto o episódio traduz, mas, penso, ao invés de nos irritarmos, poderíamos sorrir e comemorar. Sim, festejar. Em que outro local há tamanha riqueza ambiental, onças-pintadas, tuiuiús, suçuaranas, etc.? É o nosso museu natural, o nosso cofre com moedas divinas, valores impagáveis do ponto de vista econômico.

Cada ser humano é, ainda bem, diferente, possui uma individualidade genômica, mas tenho certeza de que entre, por exemplo, o Coliseu de Roma (sem dúvida deve ser esplêndido) e a exuberância do Pantanal, muitos leitores, assim como eu, escolheriam presentear a alma com as cores e formas, com o som, o cheiro e o vento da segunda opção.

O Coliseu tem muitos fãs, claro, mas o caso é que ter ou não o Coliseu, ter ou não animais nas dependências do território não torna necessariamente uma nação maior ou menor, melhor ou pior, superior ou inferior. Torna, sim, apenas diferente. Ser selvagem é muito bom. Não ser, também é ótimo. Ser os dois, como é o caso do Brasil, é otíssimo!

Já sobre a questão de que muitos estrangeiros imaginam o espanhol como língua oficial brasileira, também creio que não seja um absurdo dos mais graves. Agora, espero que não confundam o Pelé com o Maradona, nem o Roninho com o Messi...
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2 comentários:

silasjuqnueira disse...

Bem interessante seu ponto de vista abordou um aspecto que eu ainda não tinha pensado sobre a linguagem.
Se estiver interessado de uma olhada o no texto que eu fiz “Brzil i llove you”

Bruno Lara disse...

Legal você ter gostado, Silas. Acho interessante um olhar alternativo, que propõe novos caminhos. Geralmente somos críticos ao que faz parte da nossa casa, o Brasil. Penso que ultimamente há outras perspectivas em relação a isso.

Obrigado, vou ler sim o seu texto!

Abraçoss!!!