"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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terça-feira, 24 de março de 2009

Satisfação

Queridos leitores-amigos,

mais uma vez, por conta da agitação pós-moderna, estou um pouco afastado do blog. Já já retorno com novos textos, que estão em elaboração!!!!

Ótimo dia!!!!


sábado, 14 de março de 2009

Uma amiga chamada crise


“Crise”. Ô palavrinha inconveniente! Vez ou outra ela aparece para conturbar o ambiente. Ao longo da vida, porém, somos “obrigados” a conviver com as crises, sejam referentes ao futebol (infelizmente também ao meu Flamengo), aos relacionamentos em geral, amorosos ou não, à política e... vejam só, à economia.


O curioso desta crise financeira mundial é que países (aparentemente) extremamente sólidos, com alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e robustas estruturas sociais, se mostram frágeis. É o caso da Islândia, da Finlândia e dos Estados Unidos, laboratório do capitalismo, mas que amarga os efeitos negativos dos próprios experimentos (dose excessiva de especulação e preços hipervalorizados). Todos esses países costumam circular nas primeiras posições do IDH, que adota como parâmetro três aspectos: a expectativa de vida, o grau de educação e o PIB (Produto Interno Bruto).


Apesar de todo este cenário de desconfiança, a crise (tomara!) deve seguir o rumo natural e passar. Foi assim com as tulipas de Amisterdã (conhecida como a primeira recessão econômica especulativa, há 400 anos), com o crack de 29, com o episódio do petróleo na década de 70, com o Efeito Tequila (crise iniciada no México nos anos 90), com a Argentina e com a Ásia há aproximadamente 10 anos, além de tantos e tantos outros casos, como o do próprio Corinthians ano passado (também acredito que o Vasco volta em 2010 para a Série A do Brasileirão).


A tempestade vai passar, dando oportunidade para o Sol revisitar a gente e obrigando os jornais a noticiarem outros acontecimentos (quem sabe um descaminho do São Paulo ou o hexa do Fla?). As forças atuantes na sociedade se organizam e estabelecem novos quadros.


Embora não seja muito fã de ditados populares, curvo-me ao “com crise se cresce”. Essa agitação nos proporciona a oportunidade da reflexão, do que queremos para o futuro (imediato, médio e até mais distante). Em que ambiente queremos viver? Qual mundo/ país/ estado/cidade/ bairro/ rua/ família desejamos construir? Como lidar com o meio ambiente?


Essas são questões a princípio tolas ensinadas nas primeiras aulas de Filosofia e Ética, mas tão fundamentais quanto escovar os dentes após o churrasco de domingo ou agradar o irmão pequeno da namorada. A juventude e os movimentos sociais em geral das décadas de 60 e 70 conceberam bem tais idéias. Até saíam às ruas para defender o que acreditavam. Estão mais do que batidos os registros das manifestações contra os governos ditatoriais, inclusive na nossa terrinha.


Por mais que nós venhamos a confirmar todas as características do chamado mundo pós-moderno, o que é praticamente impossível, estamos diante da chance de um debate, o debate capaz de influenciar todo o curso da humanidade e da vida de cada um de nós.


Até a crise tem um lado positivo. Podendo ser benéfica, dependendo do que fazemos dela, por que não substituímos o termo por um menos assombroso? O que acham de: oportunidade financeira mundial?


Fonte da imagem: blogenaro.blogspot.com/2008_10_01_archive.html

sexta-feira, 13 de março de 2009

Esperançar

Espero, aguardo, esperanço.
Sentado, aguardo, espero e descanso.
Sei que mesmo aqui avanço,
Pois confio neste coração resistente e manso.

De manhã eu pensei.
À tarde repensei.
À noite até pensei em agir,
E agi sem pensar.

A trilha sonora me faz lembrar
Que a vida não é vulgar.
Poderá comemorar aquele
Que acreditar. Esperanço no meu lugar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Fogueira

Já folheei Moraes, Pessoa e Drummond.
Folheei também Anjos, Buarque e Amado.
Nenhum, porém, conseguiu dar-me,
Neste momento, a faísca.

Há material, combustível e oxigênio.
"Fogo, fogo", peço a quem puder ajudar.
Viajei por décadas, percorri grandes distâncias.
Nada tira a ânsia da fogueira cultural.
Intensa avidez.

A manifestação rasga e grita,
Incomoda o peito insaciável, vulnerável às expressões.
Arte sem fronteiras. Tudo é arte.
Quem chega e quem parte. A parte e o todo.
Tudo, tudo é arte. Quem fica.

"Fogo, fogo", pedimos.
O olhar distante, agora busca aqui
Motivo para sorrir. Sorriu. Sorrimos.
Heureca! A inspiração! Estava aqui
Do lado. Há fogo, pois tudo é arte.

Faça-se a fogueira cultural.

Nossa canção

Ouvi dizer que por pouco
Esta estrada não existiria, "por pouco".
Há, porém. Inexiste apenas a estrada.
Traz consigo um ruído perturbador.
Poderia ser outro. Antes era.

Imagino o rio mais próximo.
O som da água chegaria aqui
Como canção de qualidade,
Apreciada só por alguns.

Junto ao rio, lá, a vidinha caipira.
Besta, sô!
Longe dele, besta sou,
porque a canção que aqui atravessa
É de músicos desafinados.

Besta somos (!), mas não sou músico.

domingo, 1 de março de 2009

Ilha das Flores... que fedem!



Ilha das Flores. Belo nome, não? Que tal morar no Condomínio Ilha das Flores, no bairro Jardins? Chique, confortável, elegante? Dá até para tirar onda com os amigos. E comer no restaurante Ilha das Flores? Este restaurante existe, fica no Rio Grande do Sul e é grátis, mas certamente você prefere a quentinha bem-feita do senhor João ou mesmo o salgadinho de frango da Dona Rita.

O nome do documentário é bonito, mas a localidade é um perfeito exemplo da falta de respeito à vida humana, à igualdade social e ao valor (merecido) que deve-se conceder à pessoa (acima do profissional). O vídeo, no geral, nos revela um indesejável bastidor social, onde idosos, adultos e crianças procuram alimento no lixo, alimento este recusado por porcos.

“Absurdo”. Esta é a palavra que mais se aproxima do que observei. Perguntei ao Dicionário Brasileiro Globo o significado da palavra para melhor desdobrá-la: “oposto à razão, ao senso comum; coisa absurda; despropósito, insensatez”.

Não, ainda sinto que não consegue traduzir o espanto que o documentário desperta. “Espanto”. Fui novamente ao dicionário: “Pasmo; assombro; grande medo; susto; admiração”. Também não.

O curto filme revela contradições gritantes da nossa sociedade. Capazes de promover um complexo sistema econômico, criando o reinado financeiro, e um considerável e relativo desenvolvimento civilizatório, deixamos para escanteio questões tão simples, quiçá banais, mas tão importantes: o bem-estar, a harmonia social, a valorização da vida humana. Esquecemos.

Ilha das Flores representa uma série de pontos relevantes a serem abordados. Um deles é o da liberdade, um dos lemas do projeto iluminista, que prezou a racionalidade, a ciência como verdade incontestável. Posso estar enganado, mas o conceito de liberdade deixou de ser aplicado em sua plenitude. Talvez o lucro excessivo e a ganância desmedida pelo material tenham algo a ver com isso, não sei. É só um palpite. O dicionário nada comentou a respeito.

O que eu sei é que aquela cena real de filme triste perdeu, pois não conseguiu eliminar por completo o sentimento de esperança, de amor próprio. Há, pelo menos, uma pétala diante de tanto espinho.

No fim do vídeo, uma mulher, aparentemente com 40 anos, olhar desgastado, aparece com brinco. Apesar de todo o contexto, o adereço mostra a tentativa dela em manter a feminilidade, de gostar de si. Resistência.

Em torno de 10 minutos, Ilha das Flores joga na nossa cara o que sabemos há muito, mas não queremos aceitar como sendo um problema de todos nós e de cada um de nós. Acredito que as imagens atuem como choques para os telespectadores... consumidores de tomate!