"Melhor do que ler a coluna do Veríssimo num domingo ensolarado de manhã, esperando a chegada do café para pular na piscina, é ler o Letras e Harmonia a qualquer hora em qualquer lugar", Zé- operário.



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terça-feira, 6 de abril de 2010

Visão astronáutica

Certa vez, li uma declaração de um astronauta que me fez refletir um bocado. Achei tão interessante, que decidi escrever essa crônica para compartilhar com você a (enriquecedora) ideia. Nem sei o porquê da manifestação só agora, já que faz algum tempinho. Mas, o fato é que cá estamos.  Sem delongas. Ah, e evite perguntar o nome do astronauta, a nacionalidade dele, para qual time torce ou o veículo em que foi publicada a entrevista. Sei que foi numa revista. Revista nacional. Só isso e nada mais.

O comentário foi mais ou menos esse: “Depois que vi o planeta pelo espaço, fora da estrutura onde vivemos, muitas coisas ficaram claras e fáceis para mim. Sair daqui, ver tudo de longe, de um ângulo do qual poucas pessoas tiveram a oportunidade, me deu um senso de compreensão, de sensibilidade e de fraternidade enorme. São aspectos desprezados em diversos momentos do dia a dia, sabemos disso, mas sem os quais nos tornamos tão abaixo da nossa capacidade como humanos!

Diga lá, é ou não é bonito? Curioso como o distanciamento pode nos ajudar a ter um olhar melhor, um bom senso mais acurado! Pode contribuir para solucionar várias tarefas. Uma comparação: tente ficar uma semana inteira dentro de casa, sem ir à padaria comprar leite Parmalat (tática para, quem sabe, receber um patrocínio), jogar pelada com os amigos, estudar, trabalhar ou cantar a vizinha (tática para...). No mínimo estressante se manter limitado nessa “fronteira”. Melhor do que você, qualquer  visitante vai saber identificar virtudes e defeitos no lugar.

Há algum tempo produzi uma crônica insinuando que a solução do país não seria “alugar o Brasil”, como sugeriu Raul Seixas, mas sim o governo bancar viagens de ida e volta (para alguns só de ida) ao espaço sideral (qualquer hora dessas posso reproduzir aqui o texto). Acho que renovaríamos a espécie humana. E para melhor.

Acredito que há casos em que, por exemplo, o economista não é a melhor pessoa indicada para falar sobre economia, o empresário não é o cara certo para discursar a respeito de negócios, o goleiro Bruno, do Flamengo, não é o personagem ideal para homenagear as mulheres no dia de 8 março, e por aí vai. Alôou... repito: HÁ CASOS. Não significa que sejam em todas as situações. Claro, claro (numa outra ocasião podemos nos prolongar mais sobre isso, ok?)!

É que a gente tende a se tornar corporativistas à medida que nos especializamos mais e mais em determinada área. Nos aprofundamos tanto a ponto de perdemos a noção de que aquele ambiente integra um contexto maior, bem maior.

Por exemplo, quantos foram os momentos em que presenciamos tomadas de decisões equivocadas por técnicos de futebol, alguém que respira o esporte? Mesmo sem grande compreensão, a torcida, de fora, tem os próprios insights, os próprios momentos de sabedoria (preciso utilizar com cuidado essa palavra), e observa soluções onde o comandante do time nem mesmo sonha analisar. Basta uma simples mudança para tudo se encaixar (quem sabe o Dunga deixar de escalar o Doni).

Deve ser por isso que casais apelam para o famoso (e temido) tempo, para que tenham uma sensibilidade, eu diria, astronáutica dos conflitos conjugais. Embora alguém sóbrio, o filósofo Platão acreditava que, veja só, os filósofos é quem deveriam guiar e orientar a sociedade. Vixi, quanta corporativice! Puxava sardinha para si (expressão mais antiga, preciso me atualizar!), assim como membros de váááárias categorias. Entre eles, o sociólogo Max Weber (acho que era ele sim), segundo o qual o verdadeiro governante tinha que ser...adivinha... acertou: da Sociologia (você é bom de palpite, hein!).

Nessa linha de pensamento, não duvidaria que surgisse alguém, um cronista, talvez, dizendo que o presidente do Brasil deveria ser por Decreto-Pétreo-Supremo-Inquebrável um cronista.

Taí, interessante a idéia. Não havia pensado nisso, mas gostei!

2 comentários:

Anônimo disse...

A melhor escolha para guiar a sociedade é a sociedade! Toda ela, incluindo o sem teto que passou um grande perrengue na chuva de ontem, o lavrador que não sabe ler e ganha vida com o que colhe da terra, o operário que apesar dos “erros” no português se elege presidente... A idéia que uma elite esclarecida e sabia deve guiar a sociedade realmente existe desde os tempos de Platão, mas isso não é democracia.
Certa vez, ouvi um cronista de radio falar que democracia é aceitar que às vezes estamos errados e os outros estão certos, não concordo. Democracia é aceitar que mesmo quando estamos certos o correto é levar adiante e aceitar a idéia da maioria, claro respeitando os direitos individuais de todos os membros da espécie humana...

Anônimo disse...

A melhor escolha para guiar a sociedade é a sociedade! Toda ela, incluindo o sem teto que passou um grande perrengue na chuva de ontem, o lavrador que não sabe ler e ganha vida com o que colhe da terra, o operário que apesar dos “erros” no português se elege presidente... A idéia que uma elite esclarecida e sabia deve guiar a sociedade realmente existe desde os tempos de Platão, mas isso não é democracia.
Certa vez, ouvi um cronista de radio falar que democracia é aceitar que às vezes estamos errados e os outros estão certos, não concordo. Democracia é aceitar que mesmo quando estamos certos o correto é levar adiante e aceitar a idéia da maioria, claro respeitando os direitos individuais de todos os membros da espécie humana...